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domingo, 26 de setembro de 2010

UM BREVE APANHADO SOBRE O ANTIGO TESTAMENTO


O PENTATEUCO

1. GÊNESIS (Gn) (A origem) - 50 capítulos
Fala da criação do mundo e a origem do Povo de Deus. Os onze primeiros capítulos apresentam as imagens do Reino de Deus construído pelos homens sob a direção do Criador e através de muitos fracassos.
AS CINCO IMAGENS OU PARÁBOLAS :
1. Criação do mundo. Cap. 1, Deus utiliza sete dias para realizar a sua obra. A criação ainda hoje continua e os homens são colaboradores de Deus.
- “E Deus viu que estava bem feito” tudo o que ele criou é bom.
- “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança... povoai a terra e submetei-a – dominai...” O ser humano é apresentado como o dono do universo.
2. O Paraíso terrestre. Cap. 2 e 3, a mulher é formada da costela do homem. É uma parábola explicada pelo homem ao acordar (Gn 2,23.24). desta vez é carne da minha carne e osso dos meus ossos – formam uma só carne. A igualdade entre homem e mulher.
3. No Jardim – “o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”, significa o falso conhecimento religioso sem amor, sem se engajar no amor fraterno. Nós somos convidados a construir pouco a pouco o verdadeiro Paraíso terrestre. Os castigos e ameaças não são para levá-lo ao sofrimento apenas, mas para elevá-lo no plano de Deus. Em Gn 3,21... Deus se apressa a fabricar as primeiras vestes de peles de animais para o homem e para a mulher que ele acaba de amaldiçoar. Finalmente o acesso à árvore da vida não fica interditada para sempre – pois começa no início da Bíblia e se conclui em Cristo.
4. Caim e Abel – Cap. 4, A justiça parece dominada pelo pecado que prolifera.
5. Dilúvio – Cap. 6 a 9, é uma figura do batismo, apresentado como uma luta contra as forças do mal. Aqueles que não conseguem lutar deixam-se afogar nas provações da vida. Outras conseguem boiar e salvar-se pela fé.
6. Torre de Babel – Cap. 11, 1-9, é mais uma parábola, o inverso é o pentecostes. Deu um lado o orgulho provocou e ainda provoca a incompreensão entre os homens e a confusão da cidade. Do outro lado a palavra de Deus, que é a linguagem do amor falada pelo Espírito em todas as línguas, congrega todos os homens.


OS PATRIARCAS – PAIS DA FÉ
1. Vocação de Abraão – Cap. 12, por volta do ano 1800 a.C., Deus ordena a Abraão que deixe sua cidade, na Mesopotâmia. Ele é chamado a se tornar pai do povo de Deus. A fé de Abraão, como a nossa, consiste em seguir a Deus sem saber para onde quer nos levar.
2. Aliança e promessa de Deus – Cap. 15
3. Sacrifício de Isaac – Cap. 22 – é a prova de fé de Abraão.
4. Isaac abençoa Jacó – Cap. 27 – que assim se torna o depositário da promessa por sua descendência em lugar de Esaú, seu irmão mais velho.
5. História de José – Cap. 37 a 50. José é vendido pelos irmãos (c. 37)

2. ÊXODO (Ex) – 40 capítulos – Significa a saída. É a saída da escravidão do Egito para alcançar a terra prometida, através do deserto, que foi operada por Moisés.
Cap. 1 e 2, Nascimento de Moisés e sua fuga para o deserto.
Cap. 3 a 5, Vocação de Moisés – sarça ardente – imagem do mistério de Deus. Deus força Moisés, que se esquiva, a aceitar sua missão de libertar o povo da escravidão.
Cap. 6, as pragas do Egito, enviadas ao faraó para provocar a libertação do povo.
Cap. 10 a 13, a primeira páscoa é celebrada em relação à décima praga. A morte do filho mais velho (inclusive o do faraó). Do outro lado dos hebreus, a páscoa é o sacrifício do cordeiro, cujo sangue assinala as casas, seguido às pressas com os pães não fermentados e da fuga libertadora naquela mesma noite. Jesus relaciona essa celebração da páscoa à sua eucaristia e ao seu sacrifício.
Cap. 14 e 15, passagem do Mar Vermelho.
Cap. 16, o maná.
Cap. 17, a água que brota do rochedo de Horeb.
Cap. 19 e 20, os dez mandamentos.
Cap. 24, celebração da antiga aliança no sangue das vítimas.
Cap. 32 a 34, episódio do bezerro de ouro; revolta do povo contra Moisés.

3. LEVÍTICO (Lv)– 27 capítulos – a lei dos levitas, isto é, dos filhos da tribo de Levi, única tribo consagrada ao sacerdócio. Só eles podiam oferecer sacrifícios no altar de Deus.
Cap. 19,9-18, leis para proteger os mais pobres e os fracos.

4. NÚMEROS (Nm) – 36 capítulos – continuação da grande aventura da marcha do povo de Deus no deserto e de sua chegada à terra prometida, depois de quarenta anos.
Cap. 27, 12-23, posse de Josué, sucessor de Moisés.

5. DEUTERONÔMIO (Dt) – 34 capítulos – a palavra significa “a segunda Lei”. São três grandes sermões de Moisés, lembrando todos os acontecimentos da peregrinação pelo deserto.
Cap. 31, Moisés transmite a sua missão ao seu discípulo Josué.
Cap. 34, Morte de Moisés diante da terra prometida.

LIVROS HISTÓRICOS

1. LIVRO DE JOSUÉ (Js) – neste livro temos a entrada do povo em Canaã, a conquista da terra prometida e a divisão da Palestina para a instalação das doze tribos.
Cap. 1 a 5, a passagem do rio Jordão repete o milagre do Mar Vermelho.
Cap. 6, conquista de Jericó depois de uma grande procissão ao redor das muralhas com a Arca da Aliança, significando a presença de Deus que marcha a frente do seu povo.
Cap. 7 a 22, tomada de numerosas cidades e uma lista muito detalhada dos territórios distribuídos por Josué as doze tribos.
Cap. 10, Josué vence os reis pagãos fazendo o sol e a lua parar no céu.
Cap. 23 a 24, despedida e morte de Josué.


2. LIVRO DOS JUIZES (Jz) – a permanência do povo na Palestina e sua instalação sofreu grandes dificuldades. Os israelitas tiveram que combater os povos pagãos que permanecem em quase todos os pontos do território: Filisteus, Madianitas, Moabitas, etc. Os libertadores são heróis chamados juízes. Eles agem usando armadilhas, astúcia, crueldade... Mas para estes homens a única qualidade comum é uma fé inabalável no poder de Javé.
Os juízes maiores foram: Otoniel, Sed, Sangar, Baroc, Débora, Gedeão, Jeft e Sanão (são carismáticos e libertadores). O último é Samuel.
Os juizes menores foram: Tola, Jair, Abesã, Elon, Abdon (eram governantes).


3. LIVRO DE RUTE (Rt) – explica a origem dos antepassados de Davi e especialmente de seu pai Jessé.
Os dois livros de Samuel são a história dos dois primeiros reis do povo de Deus: Saul e Davi. Davi é uma figura dominante e o mais atraente do Antigo Testamento. Como a fé de Abraão, a fé de Davi é notável, por sua humildade e confiança em Deus. Davi não considera Deus somente um Senhor, mas acima de tudo como um Pai. De Davi sairá a descendência até Jesus.


4. PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL (1Sm)
Cap. 1 a 8, História de Samuel, o menino consagrado a Deus.
Cap. 9 a 10, eleição e unção de Saul, o primeiro rei.
Cap. 11 a 15, depois de algumas vitórias, Saul é rejeitado por Deus, por sua falta de fé.
Cap. 16, unção de Davi. Ele é desprezado por seus irmãos e mesmo pelo pai, mas querido por Deus.
Cap. 17, vitória de Davi sobre Golias.
Cap. 19 a 31, Davi foge para a montanha, sempre perseguido por Saul, que não consegue matá-lo. Cap. 26, Davi vitorioso perdoa o rei e se recusa a matá-lo, mostrando deste modo a sua profunda generosidade.


5. SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL (2Sm)
Cap. 1 a 5, Saul morre em combate. Davi toma o seu lugar e se instala na nova capital Jerusalém, por volta do ano 1000 a.C.
Cap. 6, entrada solene da Arca da Aliança na cidade santa, sinal da presença de Deus no meio de seu povo.
Cap. 7, promessa solene de Deus a Davi: um de seus descendentes será rei para sempre, o Messias.
Cap. 11 e 12, pecado e arrependimento de Davi.
Nos livros dos reis, continua a história do difícil estabelecimento do reino de Deus sobre a terra, desde Salomão, filho de Davi, até a queda de Jerusalém e a deportação para o grande exílio. Salomão, o homem da sabedoria, se deixa levar pela idolatria de suas esposas estrangeiras. E assim o reino se divide em dois após sua morte: Israel ao norte e Judá ao sul, cada um com seu rei.


6. PRIMEIRO LIVRO DOS REIS (1Re)
Cap. 6, cosntrução do templo que passa a ser o centro da vida religiosa dos Judeus.
Cap. 17 a 19, história do profeta Elias, se destaca pelo seu zelo e rigor no culto a Javé, oposto ao ídolo Baal.


7. SEGUDNO LIVRO DOS REIS (2Re)
Cap. 1 a 8, Elias é arrebatado ao céu num carro de fogo.
Cap. 9 a 17, história dos dois reinos e a queda de Samaria, capital do reino do norte em 721 a.C.
Cap. 24 e 25, Invasão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e queda de Jerusalém, no ano de 587 a.C.


8. LIVROS DAS CRÔNICAS (Cr)– o primeiro e o segundo livro das crônicas reproduzem, como um resumo, os livros históricos.


9. LIVRO DE ESDRAS (Esd) - LIVRO DE NEEMIAS (Ne) – eram especialistas nas sagradas escrituras, eram escribas. No ano 450 a.C., participaram da restauração do templo e da reorganização total da nova comunidade vinda do Exílio. Enfrentaram a dura tarefa de reconstruir as muralhas de Jerusalém e do templo em meio a hostilidade dos vizinhos e dos poderosos.


10. LIVRO DE TOBIAS (Tb) – é um livro que conta um romance do bom casamento israelita, em do elogio da oração perseverante e das obras de caridade.

11. LIVRO DE JUDITE (Jt) – uma viúva bonita que permanece inteiramente fiel à sua religião e à memória do seu esposo. O nome dela significa “a judia” por apresentar o povo privado de Deus no exílio, mas que tem a força de vencer os pagãos e se manter fiel a Deus.


12. LIVRO DE ESTER (Est) – é uma jovem bonita, que quer a libertação do povo e sempre com a ajuda da oração e do jejum o defende com a força de Deus. Contudo, logo depois de sua libertação, o povo de Deus se entrega a uma vingança selvagem contra os opressores, dominando-os e esmagando-os sem piedade.

13. PRIMEIRO LIVRO DOS MACABEUS (1Mc) - SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS (2Mc): - chamado também de livro dos mártires de Israel, relatam as últimas guerras santas dos judeus contra seus dominadores e vizinhos, do ano 180 a 100 a.C. Durante este período, os piores inimigos foram os Sírios, cujo rei mais poderoso foi Antioco Epífanes. Os dominadores queriam acabar com a religião judaica e com o Templo de Jerusalém, mas uma parte do povo resistiu. Judas Macabeu e seus irmãos lideraram a guerra de libertação e conseguiram finalmente a independência da Palestina, que passou a ser governada pelo sumo sacerdote. Até que no ano 63 a.C. os romanos conquistaram a Palestina.

LIVROS POETICOS E SAPIENCIAIS
Os livros de Sabedoria foram escritos quase todos após o Exílio de Babilônia. São reflexões do povo sobre a vida, em busca de respostas de como viver na fidelidade.


1. LIVRO DE JÓ (Jó) – explora o tema do sofrimento do inocente ou o problema do mal e da confiança em Deus. Jó é a personificação do povo sofredor. O ponto de partida deste livro é a consciência e a vontade de não ser derrotado pela vida. O assunto é sempre a vida e seus problemas. O método usado é não impor, mas fazer pensar, e descobrir o caminho.
Cap. 3,11-16, o sofrimento para Jó se torna tão terrível que ele começa a queixar-se e amaldiçoar sua existência.
Cap. 42,1-6, a cura de Jó e a recompensa material.


2. SALMOS (Sl) – em hebraico “Mimor”, é uma determinada forma de cantar. Os Salmos são hinos de louvor, de prece suplicante ou de arrependimento, composto primeiramente pelo rei Davi que tocava harpa, depois por Salomão e outros sábios músicos em várias épocas. Eram usados desde as orações no templo às assembléias, peregrinações e orações individuais. Não são escritos para serem lidos um atrás dos outros, mas para serem cantados conforme as circunstâncias.
Sl 8, hino da grandeza da criação e do homem.
Sl 16, alegria da vida em união com Deus.
Sl 22, canto do justo que oprimido confia na libertação de Deus.
Sl 72, retrato profético do Messias, rei de justiça.
Sl 137, cântico cheio de saudades, entoado pelos exilados.
Sl 150, louvor a Deus com todos os instrumentos de orquestra.
Conforme o texto hebraico, dos 150 salmos, 73 são de Davi, 12 de Asaf, 11 dos filhos de Core, 1 de Hermam, 1 de Etnam, 1 de Moisés e alguns de Salomão e 35 são anônimos. Na tradução grega 85 são de Davi.


3. LIVRO DOS PROVERBIOS (Pr) – sabedoria popular do povo de Deus, insistindo no amor aos pobres e na ridícula vaidade dos ricos.
Pr 2,1-11, convite a procurar a sabedoria.
Pr 8,1-11, a sabedoria assiste à criação do mundo muito perto de Deus.
Pr 31,10-31, a perfeita dona de casa.


4. LIVRO DA SABEDORIA (Sb) – é a voz do povo que reflete sobre a sua experiência de vida, partindo das raízes. Foi escrito no ano 60 a.C. É um trabalho profundo sobre a origem da Sabedoria que nasce de Deus. Recebeu influência grega. Foi escrito no Egito.


5. LIVRO DO ECLESIÁSTICO (Eclo) – chamado também de Sirácida (Jesus ben Sirac) Fala da sabedoria e da humildade.

6. LIVRO DO ECLESIASTES (Ecl) – um tanto pessimista, chega a duvidar do valor da vida. Aparece o desejo do ser humano em descobrir o sentido da vida e da morte e não simplesmente viver sem razão.


7. CANTICO DOS CANTICOS (Ct) – Um poema, uma parábola do amor ardente de Deus para com seu povo, sob linguagem de um príncipe que se apaixona por uma pastora adormecida. O sono significa a morte, a fraqueza, a falta de vontade, o exílio longe de Deus. O despertar pela manhã significa a ressurreição, a decisão, a vontade de agir, a vitória e a volta do exílio para o encontro com Deus.
Ct 5,14-15, o corpo do príncipe é descrito como se fosse o templo de Jerusalém.
Cr 7,3-7, o corpo da pastora é descrito como se fosse uma paisagem da Palestina.

LIVROS PROFÉTICOS
Com os profetas acontece um apelo novo na religião, a passagem de práticas exteriores para uma religião prática e sincera que se manifesta na fidelidade e exige a justiça e o amor aos pobres.
Durante o exílio, na Babilônia, de 586 a 538 a.C., os judeus privados das esplêndidas procissões e cerimônias do Templo de Jerusalém, começaram a compreender, graças aos profetas, que Deus não se cultua apenas no Templo mas, principalmente, na vida daquele que o ama.


1. OS QUATRO PROFETAS MAIORES
ISAIAS
(Is) – 66 foram escritos capítulos – são três livros: o primeiro foi escrito pelo próprio profeta, muito antes da queda de Jerusalém, enquanto que os outros dois por seus discípulos, depois do exílio de Babilônia.
Primeiro Isaías: (cc.1-39)
Cap. 1,1 -20, a religião do coração e da justiça oposta às celebrações rituais superficiais.
Cap. 7,10-14, anuncia o nascimento do Emanuel, filho de uma virgem.
Cap. 11,1-9, o rebento de Jessé, ou seja, o messias descendente de Davi fará reinar a justiça absoluta na terra.
Segundo Isaías:
Cap. 40 a 55, regresso do exílio, na alegria, profecias sobre o triunfo final de Jerusalém.
Cap. 40,1-11, o mensageiro anuncia a chegada de Deus, o bom pastor.
Cap. 42,1-9, apresentação do servo humilde de Javé, que realizará a aliança do povo com Deus e será uma luz para as nações, isto é, para os pagãos.
Cap. 52,13 – 53, grande paixão do servo.
Terceiro Isaías: (cc.56-66)
Cap. 61,1-2, o ungido para proclamar o ano da graça do Senhor.
JEREMIAS (Jr) – 52 capítulos – Isaías tinha anunciado a queda de Jerusalém como castigo pela idolatria, e Jeremias esteve envolvido nestes acontecimentos, em 587 a.C., exortando o rei e o povo a abandonarem a infidelidade.
Cap. 7,1-11; 20,7, Suportou sofrimentos do povo sitiado, foi perseguido pelo rei e pelos chefes que não queriam escutar a voz de Deus.
LAMENTAÇÕES (Lm) – são cinco poemas trágicos postos na boca de Jeremias para exprimir a desolação de Jerusalém arrasada.
BARUC (Br) – este livro não se encontra em todas as Bíblias por ter sido introduzido tardiamente junto com alguns outros na coleção dos livros sagrados. Apresentado sob o nome de Baruc, discípulo de Jeremias, contém, em seis capítulos algumas orações para confessar os pecados e pedir sabedoria (Cap. 5,1-9).
EZEQUIEL (Ez) – 48 capítulos – Ezequiel profetiza na Babilônia, com uma parte do povo já deportado.
Cap. 36,25-27, como Jeremias, Ezequiel anuncia a Nova Aliança, mas acrescenta a imagem da água que representa o batismo dando ao homem um Espírito Novo e um novo coração.
Cap. 11,16-21, mudança do coração de pedra em coração de carne.
Cap. 37, 1-14, ressurreição dos homens de Israel.
DANIEL (Dn) – 14 capítulos – este livro foi escrito muito tempo depois do exílio, por volta de 165 a.C., portanto muito depois dos outros três profetas maiores. De um lado encontramos uma série de pequenas narrativas do gênero “novela”, cujo herói é sempre Daniel. De outro lado, aparecem profecias do gênero “apocalíptico”, onde se misturam a história de reis pagãos da época.

2. OS ONZE PROFETAS MENORES
AMÓS (Am) – era um camponês, um pastor que Deus tirou de detrás dos rebanhos (cap. 7,14-15). A sua missão era dirigida sobretudo contra os abusos dos ricos e especialmente das matronas, que ele chama de “vacas gordas” (Am 4,1.3).
OSÉIAS (Os) – narra a paixão de Oséias por uma mulher. As suas aventuras conjugais passaram a exprimir então, como em parábola, o amor de Deus por seu povo (cap. 11,1-6); Deus vingará seu amor desprezado.
MIQUÉIAS (Mq) – discípulo de Isaías, é conhecido sobretudo pela sua profecia do nascimento do Messias em Belém (Mq 5,1-3).
SOFONIAS (Sf) – anuncia, depois dos grandes castigos, o crescimento de um povo humilde e pobre que buscará refugio no nome de Deus e que será o “resto de Israel” (cap. 3,1-5).
NAUM (Na) - descreve com imagens violentas e coloridas a queda da grande Nínive, capital dos Assírios, devastada pelos babilônios em 612 a.C. (cap. 3,18-19).
HABACUC (Hab) – desgostado de tantas guerras, se queixa a deus com insistência pelos castigos do povo escolhido e recebe a seguinte resposta: “sucumbe quem não tem o ânimo reto, ao passo que o justo, com sua fé viverá”(cap. 2,6-15).
AGEU (Ag) – anima com insistência o povo para que reconstrua a casa de Deus.
ZACARIAS (Zc) – fala da reconstrução do templo, após a volta do exílio, e também sobre o sacerdócio e a vida pública. Fala da entrada em Jerusalém do Messias (cap. 9,9-10).
ABDIAS (Ab) – clama pela vingança do povo de Israel contra Edom, povo descendente de Esaú, irmão e inimigo de Jacó. Edom era aliado aos inimigos do povo de Deus.
JOEL (Jl) – anuncia uma invasão devastadora de gafanhotos e, depois, o fim do mundo ou o “Dia do Senhor’. É citado por Pedro em seu primeiro sermão no dia de Pentecostes.
JONAS (Jn) – em forma de novela, o profeta foge para longe de Deus para escapar de sua missão, que é converter os pagãos de Nínive. Depois “resmunga”sem cessar contra Deus por perdoar tão facilmente os pagãos. E que de fato, os pagãos parecem muito mais dispostos do que os israelitas para acolherem a Palavra de Deus (cap. 2,1-11).

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Você não está só...


O Senhor
esteja sobre ti
para te abençoar,
A tua frente
para te guiar,
Ao teu lado
para te acompanhar,
Atrás de ti
para te defender,
Debaixo de ti
para te sustentar.
Que o Senhor te abençoe.

sábado, 18 de setembro de 2010

Mais um texto para se entender a Tradição Apostólica:

A sagrada tradição apostólica da Igreja

Um dos pilares sobre os quais se assenta a fé da Igreja Católica é a Sagrada Tradição Apostólica. Esta Tradição, chamada pela Igreja de Sagrada, é tudo aquilo que ela recebeu dos Apóstolos e que a eles foi confiado diretamente pelo próprio Jesus Cristo. Não se trata da tradição dos homens, mas somente daquilo que se refere à salvação das almas, e que nos foi deixado pelo Senhor.

Sabemos que o Magistério da Igreja extrai todo o ensinamento que dá aos fiéis, da Revelação Divina, que se compõe da Tradição oral (que veio dos Apóstolos) e da Tradição escrita (a Bíblia). É sobre essa Tradição (escrita e oral), com igual importância nas duas formas, que o Magistério assenta seus ensinamentos infalíveis.
Portanto, a Igreja católica não se guia apenas pela Bíblia (a Revelação escrita), mas também pela Revelação oral que chegou até nós. Sem esta última, nem mesmo a Bíblia existiria como a temos hoje, já que ela foi "berçada", como diz D. Estevão Bettencourt, e redigida pela Igreja.
A transmissão do Evangelho, feita pelos Apóstolos, fez-se de duas maneiras: oralmente e, depois, por escrito, cerca de 20 anos após a morte de Jesus.
No ensino oral os Apóstolos transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo, nos ensina o Catecismo (CIC, 76).
Ensina-nos a importantíssima Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, que: "Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles transmitindo o seu próprio encargo de Magistério" (DV, 7).
Vemos que os Apóstolos deixaram como seus sucessores os bispos, para que estes transmitissem aos seus sucessores o depósito da fé que eles tinham recebido de Jesus.
Sabemos que São Paulo instituiu muitos bispos; por exemplo, colocou Timóteo como bispo à frente da importante igreja de Éfeso; enviou Tito para a ilha de Chipre. É comovente a despedida que Paulo faz aos bispos de Éfeso, quando em caminho para o cativeiro de Roma: "Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que irão proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos. Vigiai!" (At 20,28´31).
Vemos nesta passagem a preocupação do Apóstolo, recomendando aos bispos, "constituídos pelo Espírito Santo", que cuidem e vigiem o rebanho de Deus afim de que os hereges não lhe faça mal. O mesmo tipo de recomendação Paulo faz a Timóteo e a Tito: "Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes" (1Tm 1,3). "Recomenda esta doutrina aos irmãos, e serás bom ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina que até agora seguiste com exatidão" (1Tm 4,6). "Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito pela virtude do Espírito Santo" (2Tm 1,13´14). "Seja (...) firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina".

Nos ensina a Dei Verbum que: "Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os Apóstolos, transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tess 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos (cf. Jd 3). Quanto à Tradição recebida dos Apóstolos ela compreende todas aquelas coisas que contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do povo de Deus, e assim a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê" (DV,8).

O nosso Catecismo explica assim:
"Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Através da Tradição, a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê (DV, 8)" (CIC n.78). "A Tradição da qual aqui falamos é a que vem dos Apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e dos exemplo de Jesus e o que receberam através do Espírito Santo.Com efeito, a primeira geração de cristãos ainda não dispunha de um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento atesta o processo da Tradição viva" (CIC n.83).

A Dei Verbum, ensina que:
"Os ensinamentos dos Santos Padres [sec. I a VIII] testemunham a presença vivificante desta Tradição cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante" (DV,8). "Embora a Igreja tenha ciência de que já não há que esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo" (DV,4), no entanto, o Catecismo nos assegura que "embora a Revelação esteja terminada, não está explicitada por completo; caberá à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dos séculos" (CIC, 66).
E isso o Espírito Santo continua a fazer na Igreja através dos teólogos e do Magistério oficial. Aos teólogos cabe aprofundar os conhecimentos do mistério da fé, guiados pelos dogmas já revelados; mas somente ao Magistério cabe definir as verdades da fé.
A Tradição e a Bíblia estão intimamente ligadas. Tanto uma como a outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, presente na Igreja até o fim do mundo (cf Mt 28,20). Ensina-nos a Dei Verbum que: "A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão, portanto, estreitamente conexas e interpenetradas. Ambas promanam da mesma fonte divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim. Com efeito a Sagrada Escritura é a fala de Deus, enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito e da verdade, eles por sua pregação fielmente a conservem, exponham e difundam. Resulta, assim, que não é através da Escritura apenas que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado. Por isso, ambas - Escritura e Tradição - devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência" (DV,9) (CIC, 82).

Muitas são as passagens do Novo Testamento que revelam a importância da Tradição oral. São Paulo diz a Timóteo: "O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar ainda a outros" (2 Tm 2,2). Note bem o "ouvistes" de mim. É a transmissão oral do depósito da fé. Vemos aí a própria Escritura atestando a existência da transmissão oral, de geração a geração.
Este "depósito" oral chegou até nós pela palavra oficial da Igreja, e não pode ser desprezada. Jesus deixou claro a seus discípulos, na noite da despedida, que Ele não lhes tinha ensinado tudo, mas que o Espírito Santo o faria ao longo do tempo: "Muitas coisas tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Advogado, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade...´ (Jo 16,12).
Todo esse ensinamento que o Espírito Santo foi acrescentando à Igreja é o que foi formando a sua Sagrada Tradição. Era tão marcante a inspiração do Espírito Santo que, por exemplo, após o Concílio de Jerusalém, os apóstolos escreveram à Igreja de Antioquia: "Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós..." (At 15,28). Outras passagens mostram essa intimidade deles com o Espírito Santo. "Então Pedro, cheio do Espírito Santo..." (At 4,8). "Por que combinastes para por à prova o Espírito do Senhor ?" (At 5,9). Diante do Grande Conselho dos Judeus e do Sumo Sacerdote: "Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo..." (At 5,32).
Podemos, portanto, afirmar, com toda certeza, que tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia. Parte da Revelação foi oral e está na Tradição, que, por isso é Sagrada e indispensável. Na segunda Carta aos tessalonicenses vemos claramente a Tradição oral: "Não vos lembrais de que vos dizia estas coisas, quando estava ainda convosco? " (2Tes 2,5). "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa" (2Tes 2,15). "O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunhas, confia´o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar ainda a outros" (2 Tm 2,2).

Essas passagens se referem a uma transmissão de verdades por meio oral e não escrito. Como, então, desprezar o seu valor? Nem tudo o que Jesus ensinou e fez, e nem tudo o que os apóstolos ensinaram, foi escrito. Naquele tempo era difícil escrever. Não havia papel e caneta fácil como hoje. Usava´se pergaminhos (peles de carneiros), papiros, etc., penas molhadas na tinta. Escrever era raridade. São João encerra o seu Evangelho mostrando claramente isto: "Jesus fez, diante dos seus discípulos, muitos outros sinais ainda, que não se acham escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome" (Jo 20,30s).
Mais adiante ele repete:
"Há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam" (Jo 21,25). Essas passagens deixam claro que os evangelistas e Apóstolos só escreveram o essencial da mensagem de Cristo, "para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome".

Vemos assim que a própria Bíblia nos encaminha para as fontes orais da Palavra de Deus; isto é a Tradição oral que a berçou. Não podemos jamais nos esquecer de que a Igreja é anterior ao Novo Testamento e que foi ela que formou o cânon do Antigo Testamento como o temos hoje. Logo, sem a Igreja a Bíblia se esfacela. O Cristianismo já existia quando foi escrito o Novo Testamento: "os fiéis eram assíduos aos ensinamentos (orais) dos apóstolos" (At 2,4). Portanto, é a Igreja que credencia a Bíblia. Foi a Igreja que "constituiu" a Bíblia, como a temos, e não o contrário. Todo este ensinamento é reafirmado pelo último Concílio, quando diz na Dei Verbum: "Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os Apóstolos, transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tess 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos" (cf. Jd 3).

Infelizmente os reformadores protestantes tomaram a Bíblia como "a única fonte de fé" e, pior ainda, entendida segundo o 'livre exame" de cada crente, podendo interpretá-la segundo o seu parecer, 'guiado pelo Espírito Santo'. Negaram a Tradição oral, repudiaram o Magistério, abandonaram a Igreja, esquecendo-se que Ela é anterior à Bíblia (Novo Testamento).
(...)

O Catecismo da Igreja fala também da importância da Tradição. Logo no ínicio da sua apresentação, o Papa João Paulo II diz: "Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à Sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos" (FD, introdução). Com essas palavras o Papa nos ensina que a missão por excelência da Igreja é guardar intacta a mensagem que recebeu de Jesus, e que salva a humanidade. O Catecismo ensina que a Tradição consiste em tudo aquilo "que vem dos apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam através do Espírito Santo" (CIC, 83).

Leia o artigo na íntegra visitando o site:
http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=IGREJA&id=igr0527

A verdadeira Igreja na autêntica Tradição apostólica



A Igreja desde os tempos apostólicos com as primeiras missões e comunidades fundadas, transmite a verdade revelada por Nosso Senhor Jesus Cristo sobre os tres pilares inseparáveis da Escritura, da Tradição e do Magistério da Igreja. Isto, para que a mesma verdade revelada não sofra de interpretações errôneas.
Abaixo, transcrevo um texto de Dom Henrique que reflete e introduz o leitor sobre o que é a tradição apostólica usando um texto de Tertuliano. Vale a pena visitar o site de onde foi tirado o texto e o blog indicado.

Texto:
Caro visitante, ofereço-lhe este belíssimo e importante texto do teólogo cristão Tertuliano, que viveu no século III. É retirado de sua obra “Tratado sobre a prescrição dos hereges”. Coloquei também, quando vi conveniente, algumas observações. Boa leitura!

"Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, ensinou quem era ele, quem tinha sido desde sempre, qual era a vontade do Pai que vinha cumprir e qual devia ser o comportamento do homem. Ensinava estas coisas ora em público, diante de todo o povo, ora em particular, aos seus discípulos. Dentre estes escolheu Doze para estarem a seu lado, e que destinou para serem os principais mestres das nações" (Observação minha: Aqui Tertuliano radica a Tradição apostólica. Notem como o Evangelho de Cristo nunca foi visto na Igreja simplesmente como um texto escrito, mas sim, como um anúncio salvífico confiado por Cristo à Igreja e, especialmente, aos Doze. Este anúncio tem como conteúdo o próprio Cristo morto e ressuscitado por nós).

"Quando, depois da sua ressurreição, estava prestes a voltar para o Pai, ordenou aos onze que fossem ensinar a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Imediatamente os apóstolos chamaram por sorteio a Matias como duodécimo para ocupar o lugar de Judas... Depois de receberem a força do Espírito Santo com o dom de falar e de realizar milagres, começaram a dar testemunho da fé em Jesus Cristo na Judéia, onde fundaram Igrejas (Observação minha: “Igrejas” no plural é aquilo que hoje chamamos de “dioceses”); partiram em seguida por todo o mundo, proclamando a mesma doutrina e a mesma fé entre os povos. Em cada cidade por onde passaram fundaram Igrejas, nas quais outras Igrejas que se fundaram e continuam a ser fundadas foram buscar mudas de fé e sementes de doutrina. Por esta razão, são também consideradas apostólicas, porque descendem das Igrejas dos apóstolos" (Observação minha: Notem como já desde o início do cristianismo, é de importância capital a fidelidade à continuidade que vem de Cristo por meio dos Doze e seus sucessores, que fundaram as Igrejas. É preciso dizer com toda franqueza: uma concepção de Igreja como a dos protestantes rompe completamente com o sentido de Igreja existente no Novo Testamento e na antigüidade cristã).

"Toda família deve ser necessariamente considerada segundo sua origem. Por isso, apesar de serem tão numerosas e tão importantes, estas Igrejas não foram senão uma só Igreja: a primeira, que foi fundada pelos apóstolos e é a origem de todas as outras. Assim, todas elas são primeiras e apostólicas, porque todas formam uma só. A comunhão na paz, a mesma linguagem da fraternidade e os laços de hospitalidade manifestam a sua unidade. Estes direitos só têm uma razão de ser: a unidade da mesma tradição sacramental" (Observação minha: Aqui aparece a importância da unidade da Igreja. Cristo fundou uma só Igreja e esta deve ser una e sacramento de unidade do gênero humano: una na fé, na disciplina sacramental, na caridade fraterna; una na Eucaristia e na unidade com os mesmos pastores, que têm como referência última neste mundo o Bispo de Roma).

"Se quisermos saber o conteúdo da pregação dos apóstolos e, portanto, Jesus Cristo lhes revelou, é preciso recorrer a estas mesmas Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos e às quais pregaram de viva voz, quer por seus escritos" (Observação minha: Outro dado importantíssimo: a fé da Igreja não pode nunca derivar de uma interpretação somente da Bíblia e, muito menos, de uma interpretação privada de algum iluminado excêntrico! A pregação funda-se na Tradição, seja na sua forma escrita [Bíblia], seja na sua forma oral [o complexo da vida de Igreja]. Quem garante esta Tradição é o Espírito Santo, como está dito mais abaixo e quem a discerne com autoridade dada por Cristo são os Bispos em comunhão com o Bispo de Roma).

"O Senhor realmente havia dito em certa ocasião: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora; e acrescentou: quando,porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade (Jo 16,12s). Com estas palavras revelou aos apóstolos que nada ficariam ignorando, porque prometeu-lhes o Espírito da Verdade que os levaria ao conhecimento da plena verdade. E, sem dúvida alguma, esta promessa foi cumprida, como provam os Atos dos Apóstolos ao narrarem a descida do Espírito Santo" (Observação minha: Outra idéia preciosa: a fé da Igreja não é uma realidade enferrujada, fossilizada, como peça de museu. Ela evoluirá sempre, fiel às suas origens e sempre mais aprofundando o mistério de Cristo e suas conseqüências, nos confronto criativo com as novas realidades. Quem garante este processo, para que a evolução não se torne traição? O Espírito da Verdade Cristo prometeu e deu à sua Igreja. Que órgão é responsável para discernir tudo isso? O Magistério – Bispos em comunhão com o Papa - com a autoridade dada por Cristo. Como é belo ver neste texto do século III a consciência da nossa fé tão clara! Que pena que tantos, com a Escritura debaixo do braço estejam tão longe dessa percepção do que seja a Igreja autêntica!).

Fonte: http://www.domhenrique.com.br/index.php/padres-da-igreja/797-a-verdadeira-igreja-na-autentica-tradicao-apostolica
Conheça alguns textos do inicio da Igreja com reflexões de fé em:
http://costa_hs.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sobre os irmãos de sangue que Jesus nunca teve e que alguns desinformados dizem ser os filhos da mãe de Jesus...



Eis que a Virgem conceberá, e dará à luz UM FILHO, e lhe chamará Emanuel”. (Is. 7,14)

No evangelho segundo são Mateus (13,55-56) encontramos:
“Não é ele o filho do carpinteiro? Não é sua mãe aquela a quem chamam Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão entre nós todas as suas irmãs?

A) A palavra IRMÃO na Bíblia tem 11 significados:

1. IRMÃOS VERDADEIROS: filhos do mesmo pai e da mesma mãe, ou filhos só do mesmo pai, ou filhos só da mesma mãe (Gênesis 27,6; Juízes 8,19).~

2. SOBRINHOS E TIOS: Filhos de Taré, Abraão e Arão são irmãos verdadeiros (Gênesis 11,27-28; 11,31). Lot é o sobrinho de Abraão, filho de Arão. Batuel é pai de Labão e Rebeca. Jacó é filho de Rebeca (Genesis 24,29; 28, 2; 29,15). Diz o texto de Gênesis 12,5: “Abraão tomou Lot, filho do seu irmão”. Pouco adiante, em Gênesis 13,8, Abraão disse a Lot: “Não haja discórdia entre mim e ti, pois somos irmãos”. Caso semelhante temos com Labão, tio de Jacó em Gênesis 24,29; 28,2; 29,15.

3. PRIMOS: Eleazar e Cis eram irmãos, filhos de Mooli. As filhas de Eleazar e os filhos de Cis eram primos entre si. No entanto, a Bíblia diz: “As filhas de Eleazar casaram-se com os filhos de Cis, seus irmãos” (1 Crônicas 23, 21-22).

4. PRIMOS-SEGUNDOS: Aarão (irmão de Moisés), foi pai de 2 filhos: Nadab e Abiú. O tio de Aarão (Oziel) foi pai também de 2 filhos: Misael e Elisafon. Portanto, Nadab e Abiú em relação a Misael e Elisafon eram primos-segundos (Levítico 10,1-4; Exodo 6,18; 6,22-23). No entanto, Moisés, tio de Nadab e Abiú, diz a Misael e Elisafon: “Levai vossos irmãos (Nadab e Abiú) para longe do santuário” (Levítico 10, 1-4).

5.PARENTES: No segundo livro dos Reis 10, 13-14, aparecem os 42 irmãos de Ocosias: parentes e não irmãos de verdade.

6. CUNHADO: O rei Davi era cunhado de Jônatas. No entanto Davi disse: “Jônatas, meu irmão, meu coração se parte por tua causa” (1 Samuel 16, 10-12; 14,1; 18,27; 2Samuel 1,26).

7. PESSOAS DA MESMA RAÇA: diz o Deuteronômio 23,7: “Não abominarás o idumeu (ou edonita) porque é teu irmão”. O povo idumeu foi fundado por Esaú, irmão de Jacó (que fundou o povo de Israel).

8. PESSOAS DA MESMA NAÇÃO: Disse Neemias aos magistrados: “Nossos irmãos judeus, vendidos às nações, nós os resgatamos. E vós vendeis vossos irmãos? (Neemias 5,7-8).

9. ALIADO POLÍTICO: Acab, rei de Israel mandou dizer a Bem-Hadad, rei da Siria: “Bem-Hadad é meu irmão”. Bem-Hadad respondeu que também é irmão de Acab e acrescenta: “vou restituir-te as cidades que meu pai tomou do teu” (1Reis 20, 32-34).

10. CORRELIGIONÁRIO:
a) Ananias disse a Saulo: “Saulo, meu irmão, o Senhor enviou-me para que recobres a vista” (Atos 9,27).
b) São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: “Um irmão discute com outro irmão, e isto diante de infiéis” (1Coríntios 6,6).
c) São Paulo escreve de seu discípulo Tito: “Meu espírito não teve sossego, porque não achei meu irmão Tito” (2Corintios 2,13).

11. DISCÍPULOS DE JESUS:
a) Jesus disse a Madalena: “Vai a meus irmãos e dize-lhes: subo para meu Pai!” Madalena entendeu o que isto significava e foi anunciar aos apóstolos (Evangelho segundo João 20, 17-18).
b) “Cristo é o primogênito entre uma multidão de irmãos” (Romanos 8,29; Hebreus 2,11-12).
c) Disse Jesus: “todo aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão e minha irmã” (Evangelho segundo Mateus 12,50; Evangelho segundo Marcos 3,35; Evangelho segundo Lucas 8,21).
d) Disse Jesus: “Um só é vosso Mestre, e vós sois todos irmãos” (Evangelho segundo Mateus 23,8).

B) IRMÃO E O PARENTESCO ENTRE OS HEBREUS
1. Entre os hebreus não havia palavra para designar sobrinho, primo, primo-segundo, cunhado, concunhado, etc. como há na nossa língua.
2. Para designar o parentesco usavam de um rodeio de palavras: para dizer que fulano era primo de beltrano diziam: Fulano é filho de Sicrano cujo irmão é pai de Beltrano. Quando se tratava de primos-segundos ou outros parentescos, esse rodeio se complicava.
3. Para evitar os rodeios, os hebreus preferiam usar a palavra: “irmão” para designar um parentesco, sobretudo para designar primos em primeiro ou segundo graus.
4. Para o hebreu não havia engano em chamar de irmão, quando era primo, não se enganavam quanto ao parentesco, porque, sobretudo, guardavam de cor a lisata dos antepassados com todo o cuidado. Por exemplo: Maria santíssima e São José sabim que eram descendentes da família do rei Davi que tinha morrido mil anos antes (Evangelho segundo Lucas 2,4).
5. Os escritores inspirados dos Evangelhos e Novo Testamento, educados em ambientes hebraicos, usavam a palavra grega “adelfos” para designar irmão, sem preocupação do sentido que a palavra possuía.

C) CLÉOFAS, PAI DOS PRIMOS EM PRIMEIRO GRAU DE JESUS
1. Conforme o Evangelho segundo João 19,25, Cléofas, irmão de José, pai de Simão e Judas, era marido de Maria que esteve ao pé da Cruz. Esta Maria era também mãe de Tiago e José (Evangelho segundo Mateus 27,56; Evangelho segundo Marcos 15,40).
2. Cléofas tinha outro nome: ALFEU (Evangelho segundo Mateus 10,3). Fato semelhante se dá com Mateus que é chamado Mateus no Evangelho segundo Mateus 9,9 e é chamado Levi no Evangelho segundo Marcos 2,14 e no Evangelho segundo Lucas 5,27. Simão é chamado Pedro (Evangelho segundoMateus 10,2). Gedeão é chamado Jeroboal (Juízes 8,28-29 e 8,35). João é chamado Gades, Simão é chamado Tasi, Judas é conhecido como Macabeu, Jônatas é chamado Afos, etc (1Macabeus 2,2).
3. São Paulo diz: “Dos apóstolos não vi mais nenhum a não ser Tiago, irmão do Senhor” (Gálatas 1,19). Na lista dos 12 apóstolos, os Evangelhos segundo Mateus e Lucas declaram que Tiago e Judas são filhos de Alfeu (Evangelho segundo Mateus 10,3 e Evangelho segundo Lucas 6,15-16). O historiador Hegesipo declara que Judas Tadeu e Simão são filhos de Cléofas.
4. Mateus declara que Judas e Simão são irmãos de Tiago e José (Evangelho segundo Mateus 13,55).
5. Os evangelistas Mateus e Marcos declaram que Tiago e José são filhos de uma tal Maria que esteve no Calvário (Evangelho segundo Mateus 27,56 e Evangelho segundo Marcos 15,40).
6. São João descrevendo a mesma cena declara que essa Maria do Calvário, mãe de Tiago e José, é esposa de Cléofas (Evangelho segundo João 19,25). Logo, a Maria do Calvário e Cléofas são os pais de Tiago, José, Judas e Simão. Tiago e Judas são chamados filhos de Alfeu. Portanto, Cléofas e Alfeu são a mesma pessoa.
7. Esses “irmãos de Jesus” nunca são chamados de filhos de Maria Santíssima e de São José.
8. Jesus entrega sua mãe aos cuidados de João (o discípulo amado) e não aos irmãos. João não pertence à família. Se os “irmãos de Jesus” fossem irmãos verdadeiros, Jesus, perfeito observador da Lei, entregaria Maria aos cuidados deles como era preceito (Exodo 20,12; 21,17). Os filhos eram obrigados a honrar – sentido de ajudar – pai e mãe. O Cristo, ele mesmo defendeu o preceito (Evangelho segundo Mateus 15,6): “Não desprezes tua mãe quando ela for velha” (Provérbios 23,22).
Se esses irmãos fossem filhos de Maria Santíssima, Jesus te-la-ia entregue a eles a fim de que cumprissem seu dever filial. Tiago e Judas Tadeu eram apóstolos, eram capacitados para amparar Maria Santíssima e seriam obrigados, teriam a obrigação de fazê-lo, se fossem seus filhos. Jesus teria obrigação de exigir deles o cumprimento desse dever filial se fossem filhos de Maria Santíssima.
9. Maria era virgem no nascimento de Jesus (Evangelho segundo Mateus 1,23 e Evangelho segundo Lucas 1,27). E teve o propósito de permanecer virgem (Evangelho segundo Lucas 1,34).
10. Jesus aparece como filho único aos 12 anos (Evangelho segundo Lucas 2,41-52). Sempre é apontado como filho único, em todas as narrativas dos Evangelhos.
11. Nunca se lê que Maria Santíssima é mãe de outros filhos.
12. “Filho primogênito”, às vezes aplicado a Jesus (Evangelho segundo Lucas 2,7) é uma expressão jurídica e sagrada que constava da lei israelita. Em Êxodo 13,12 e 34,19, primogênito é aquele que “abre o seio materno”. Esta Lei da primogenitura obrigava os pais a consagrar o filho primogênito a Deus, logo após o nascimento (Êxodo 13,2; Números 3,12). O fruto dessa primogenitura pertence a Deus. O título exprime a honra do primogênito a quem cabem os respectivos direitos e deveres. O termo em si não implica outros nascimentos. O filho único conservava este título jurídico de primogênito, e é consagrado a Deus, mesmo que a família não tivesse outro filho.
Este fato é confirmado por uma inscrição judaica descoberta em 1922, em Tel El Yeduieh, no Egito, numa sepultura. A inscrição diz ser a sepultura de Arsinoé, mãe que morreu ao dar à luz a seu filho primogênito. A inscrição diz, pela boca da mãe: “O destino apagou minha vida nas dores do mascimento de meu primogênito”. Embora fosse filho único dizia-se primogênito. A sepultura data de pouco antes do nascimento de Cristo (J.B. FREJ, La signification Du terme prototokos, d’après une inscription juive, inRev. “Bíblica”, 11, 1930, págs. 373-390).
13. A afirmação de que esses “irmãos de Jesus” seriam filhos de São José é uma afirmação gratuita, sem base na Bíblia ou na Tradição. São Jerônimo declara essa afirmação: “delírio de escritores apócrifos”.
14. As Escrituras Sagradas afirmam que Maria Santíssima só teve UM único filho: Jesus.
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e O seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3,15).
“Eis que a virgem conceberá, e dará a luz UM filho, e lhe chamará Emanuel” (Isaías 7,14).
“Porque UM menino nos nasceu, UM filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9,6).
“Eis que conceberás e darás à luz UM filho a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Evangelho segundo Lucas 1,31).
“Por isso também O ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Evangelho segundo Lucas 1,35).
“Nasceu-lhe, pois, UM filho varão, que há de reger todas as nações, com cetro de ferro. E O seu filho foi arrebatado para Deus até o seu trono” (Apocalípse 12,5).

(Autor deste estudo entitulado “Em defesa da Virgem Maria”: Antonio Esteves)

domingo, 12 de setembro de 2010

Maria como a Rainha Mãe e Intercessora



Maria como a Rainha Mãe
Existe uma palavra aramaica, Gemera, que significa "Rainha Mãe. Tradicionalmente, ao lado do trono do Rei, existe um segundo trono. Muitos afirmariam que o segundo trono pertenceu à esposa do Rei, mas em Israel ele pertencia à mãe do Rei. A gemera era uma posição oficial e que era conhecida por todos (inclusive por Jesus e seus discípulos). Sua função era ser advogada do povo; qualquer pessoa que tinha um pedido ou solicitava uma audiência com o Rei fazia-o através dela. Ela era uma intercessora, apresentando os desejos e interesses do povo para o Rei. Isto não significa que o Rei era inacessível, ou que o povo tinha medo ou era incapaz de falar com ele. Isso meramente significava que o Rei honrava sua mãe e tratava os pedidos dela com especial consideração. Da parte das pessoas do povo, elas se sentiam muito próximos à ela, como se fossem também seus filhos.

Tal função é mencionada em:

* 1Reis 15,13: "Até Maaca, sua avó, depôs da dignidade de rainha-mãe".
* 2Reis 10,13: "Somos irmãos de Acazias, e descemos a saudar os filhos do rei e os filhos da rainha-mãe".
* Jeremias 13,18: "Dize ao rei e à rainha-mãe: humilhai-vos, e assentai-vos no chão".

Seu lugar específico de honra e intercessão é dramaticamente ilustrado em 1Reis 2,13-21:

"Então veio Adonias, filho de Hagite, a Bate-Seba, mãe de Salomão. Perguntou ela: 'De paz é a tua vinda?'. Respondeu ele: 'É de paz'. E acrescentou: 'Uma palavea tenho que dizer-te'. Disse ela: 'Fala'. Disse ele: 'Bem sabes que o reino era meu, e todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, ainda que o reino se transferiu e veio a ser de meu irmão; pois foi feito seu pelo Senhor. Agora um só pedido te faço; não mo rejeites'. Ela lhe disse: 'Fala'. Ele disse: 'Peço-te que fales ao rei Salomão (pois não to recusará), que me dê por mulher a Abisague, a sunamita'. Respondeu Bate-Seba: 'Muito bem, eu falarei por ti ao rei'. Quando Bate-Seba foi ter com o rei Salomão, para falar-lhe por Adonias, o rei se levantou a encontrar-se com ela, inclinou-se diante dela, e se assentou no seu trono. Mandou que pusessem um trono para a mãe do rei, e ela se assentou à sua mão direita. Disse ela: 'Só um pequeno pedido te faço, não mo rejeites'. E o rei lhe disse: 'Pede, minha mãe, porque não to recusarei'. Disse ela: 'Dê-se Abisague, a sunamita, por mulher a Adonias, teu irmão'".

De particular importância são as seguintes observações:
1. Adonias supunha que a rainha-mãe poderia defender seu interesse perante o Rei; ou seja, ele confiava nela.
2. A reação do Rei é notável: ele se levantou para vir ao encontro de sua mãe e prestou-lhe o seu respeito.
3. Um trono foi providenciado para ela; ela se sentou à direita do Rei.
4. Seu poder de intercessão é enfatizado pela repetição da idéia de que o rei "não a recuse".

O mesmo fazemos hoje com Maria. Nós acreditamos que ela se aproximará do Rei para defender os nossos interesses.
Porém, neste instante, muitos protestantes dirão: "Não podemos chegar até Ele por meio de ninguém; podemos tratar diretamente com Deus". Sim, podemos e devemos fazê-lo. Porém, duvido que o mesmo protestante que usou esse argumento JAMAIS pediu a um amigo seu para que orasse por ele ou com ele.
Pedimos a nossos amigos para que orem conosco ou por nós, não porque achamos que é impossível se aproximar diretamente de Deus, mas porque formamos uma família em Cristo e porque é agradável. Nós nos preocupamos com os outros e pedimos sempre a Deus para que conceda os interesses daqueles que amamos. Por que limitar esse cuidado e assistência somente àqueles que estão vivos hoje na terra? São Paulo nos diz que somos rodeados por uma nuvem de testemunhas - será que essas testemunhas não demonstram um mínimo de preocupação para conosco? O Apocalipse no nos diz que as preces dos santos elevam-se como incenso perante Deus (Ap 8,4). Por quem estariam orando? Em Tobias, lemos: "Quando tu e Sara fazíeis oração, era eu (arcanjo Rafael) quem apresentava as vossas súplicas diante da glória do Senhor e as lia" (Tobias 12,12).

Se pedimos para nossos irmãos vivos para orarem por nós, poderíamos deixar de fazer o mesmo para aqueles que já se encontram presentes diante de Deus? E se pedimos para aqueles que estão diante de Deus, como poderíamos deixar de pedir a intercessão daquela que é a mãe do Rei?
A Tradição (aquela mesma Tradição - lembre-se disso - que nos deu a Bíblia) nos diz que quando Jesus estava agonizando na cruz, disse certas palavras a seu discípulo [João] que são aplicadas a cada um de nós; tais palavras são: "Eis aí a tua Mãe..."

Maria como Intercessora
Ainda que todos os cristãos tenham o poder de interceder uns pelos outros, a pureza e santidade do intercessor aumentam o poder da súplica. A Bíblia está repleta de exemplos do Senhor "escutando" as preces dos justos. Eis alguns casos:

* Provérbios 15,8: "O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor, mas a oração dos retos é o seu contentamento".
* Provérbios 15,29: "O Senhor está longe dos ímpios, mas escuta a oração dos justos".
* Tiago 5,16-18: "A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra".
* Provérbios 28,9: "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominada".
* 1Pedro 3,12: "Pois os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos à sua súplica, mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal"
* Salmo 32,6: "Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas a ele não chegarão".
* Daniel 9,21-23: "Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu, e me disse: 'Daniel, agora vim para fazer-te entender o sentido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para declará-la a ti, porque és muito amado...'".
* 2Crônicas 6,29-30: "Toda oração e súplica que qualquer homem ou todo o teu povo Israel fizer, conhecendo cada um a sua praga e a sua dor, e estendendo as mãos para esta casa, ouve tu dos céus, do assento da tua habitação. Perdoa, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, segundo vires o seu coração (pois só tu conheces o coração dos filhos dos homens)".

Agora, uma vez que a Bíblia demonstra tão claramente que aqueles que são justos ou corretos são ouvidos pelo Senhor, e já que também sabemos que aqueles que se encontram no céu não são impuros nem injustos (caso contrário não teriam como resistir à presença de Deus), então nós podemos afirmar que as preces dos santos têm um poder e eficácia muito maiores do que às daqueles que ainda se encontram sobre esta terra, que ainda caminham na imperfeição.

De acordo com isto, percebemos que as orações intercessórias de Maria, que é a Mãe de Deus e mais pura que qualquer outra pessoa humana, têm um poder ainda mais especial.

Maria: Modelo, intercessora... Mãe



(...). A Constituição Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, capítulo VIII, no-la apresenta como o modelo acabado da obra de Jesus na Igreja: “Em vista dos méritos de seu Filho, foi remida de maneira sublime, unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel e chamada ao papel e à dignidade suprema de Mãe do Filho de Deus. Em virtude desse dom insigne da graça, portanto, é filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo, colocada muito acima de todas as outras criaturas, terrestres e celestes” (n°53).
Maria é aquela que está mais próxima de Deus, porém a uma distância infinita, pois é simples criatura, mesmo enriquecida com os maiores favores. Por isso, está, também, muito próxima de nós, “como Mãe amantíssima [...], membro eminente e especialíssimo da Igreja, assim como seu exemplo magnífico e modelar de fé e de amor” (nº53).
Refletir sobre Maria nos remete ao plano eterno de Deus. Nele estava prevista a Encarnação do Filho, mesmo se não houvesse ocorrido o pecado. A Sagrada Escritura nos apresenta Eva como aquela que sucumbiu à tentação e levou Adão a pecar (cf. Gn 3), tornando-se a mãe da humanidade decaída. Deus, no entanto, quis “salvar o que estava perdido” (Lc 19,10), a partir da colaboração do próprio ser humano nessa obra, acolhendo a vinda do Filho, para nos merecer o perdão, através de Maria Santíssima.
Assim, Ele prepara uma nova Eva, precursora da humanidade redimida, para ser a Mãe do Cristo Senhor. Os méritos da Redenção lhe foram aplicados previamente, de modo que, em nenhum momento, o pecado dominasse sobre aquela que iria cooperar, estreitamente, com a missão do Filho, no momento histórico, determinado pelo Pai.
Dizendo “sim” ao desígnio divino, Maria foi constituída modelo do que Jesus iria realizar nos homens que se deixassem escolher, conduzir, e redimir. Uma espécie de “amostragem” do poder da graça divina. Por isso nós a honramos, não por sua própria grandeza, mas por se fazer capacidade receptiva ao agir de Deus: “Porque olhou para sua pobre serva e realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1,48a.49).
Como era Maria de Nazaré? Fazemos algumas conjecturas, pois os textos evangélicos são muito sóbrios, a respeito dela. Entretanto, sua própria santidade nos leva a deduzir algumas de suas inúmeras virtudes. A primeira delas é a simplicidade. Há uma certa piedade mariana que coloca Nossa Senhora tão distante de nós, que sentimos até medo de nos achegarmos a ela, como se o brilho de sua pureza ofuscasse a nossa palidez. Isto não corresponde nem à figura, nem à missão de Maria. Ela vivia a simplicidade dos que são desapegados, dos pobres em espírito. Estes eram os anawin da Antiga Aliança, povo simples, mas confiante em Deus, totalmente entregue a Ele.
Maria era uma jovem muito instruída nas Sagradas Escrituras, porque o Espírito Santo plenificou-a com sua presença, desde que ela foi concebida. Isto nós comprovamos pelo Magnificat, a oração de agradecimento que ela proclama, inspirada no Cântico de Ana (cf. 1Sm 2,1-10), por ocasião de sua visita a Isabel (cf. Lc 1,46-55).
Como jovem judia, ela pretendia, evidentemente, constituir uma família. Daí porque já a encontramos noiva de José, quando sua história é narrada nos Evangelhos de São Lucas e de São Mateus (cf. Lc 1-2 e Mt 1-2). Seu casamento com José, porém, foi diferente, no sentido de que nunca houve relacionamento conjugal. O dom do amor de Deus foi tão pleno naquelas vidas, que isto não se fez necessário. “O poder do Altíssimo a envolveu com a sua sombra”, fecundando a jovem Virgem, sem intervenção humana.
Maria e José se uniram pelo ideal de devotarem suas vidas ao Menino Jesus. A Sagrada Família foi o berço mais sublime possível para criar o Filho de Deus. Os pais de Jesus velaram para que Ele “crescesse em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52). José era o terno pai adotivo, protetor e defensor da família e trabalhador modelar. Maria, Mãe por excelência, também foi dona de casa exemplar e, sobretudo, educadora perfeita.
A Maternidade Divina foi sua grande honra, fonte de todos os privilégios com os quais Deus a adornou. Toda santa e toda pura, legou ao Filho sua herança genética, desde o timbre da voz e a semelhança fisionômica, até as qualidades tipicamente humanas de Jesus. A união entre ambos era admirável, a tal ponto que, ouvindo Jesus falar, alguém exclamou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!” (Lc 11,27). Nenhum cristão pode deixar de honrar a Mãe de Jesus porque, afinal, o que nós honramos nela, estamos atribuindo ao seu Filho, Autor e Fonte de toda a graça, além de sua cooperação pessoal.
Mas não pensemos que a vida de Maria foi cercada de milagres e consolações. É mais próprio da pedagogia divina conduzir o ser humano através do crescimento na fé. Com a Mãe de Jesus não foi diferente. Ela teve que passar por muitas provações, acompanhando o Filho no cumprimento de sua missão: a falta de um lugar apropriado para dá-lo à luz (Lc 2,1-7); a profecia de Simeão, a respeito da espada que lhe transpassaria a alma (cf. Lc 2,34-35); o exílio no Egito, para fugir do extermínio ordenado por Herodes (cf. Mt 2,13ss); a perda de Jesus no templo (cf. Lc 2,41-51). Finalmente, a Paixão e Morte do Filho amado (cf. Jo 18-19 e paralelos Sinóticos).
Evidentemente, ela teve a alegria da Ressurreição, que já aguardava na fé, mediante a palavra do Filho, o convívio que tivera com Ele, e a iluminação do Espírito Santo. Ao final de sua vida, Jesus veio buscá-la, para glorificá-la, em corpo e alma, na eternidade. Agora está nos céus, coroada Rainha, e intercede por nós, junto a Jesus, desdobrando sobre toda a humanidade o seu amor de Mãe.
Sobre ela, o Papa Paulo VI escreveu, na Exortação Apostólica Marialis Cultus – “Culto Mariano” (1974), este texto, pungentemente atual: “Para o homem contemporâneo, - não raro atormentado entre a angústia e a esperança, prostrado mesmo pela sensação das próprias limitações e assaltado por aspirações sem limites, perturbado na mente e dividido em seu coração, com o espírito suspenso perante o enigma da morte, oprimido pela solidão e, simultaneamente, a tender para a comunhão, presa da náusea e do tédio, a bem-aventurada Virgem Maria, contemplada no enquadramento das vicissitudes evangélicas em que interveio e na realidade que já alcançou na Cidade de Deus, proporciona-lhe uma visão serenadora e uma palavra tranqüilizante: a da vitória da esperança sobre a angústia, da comunhão sobre a solidão, da paz sobre a perturbação, da alegria e da beleza sobre o tédio e a náusea, das perspectivas eternas sobre as temporais e, enfim, da vida sobre a morte” (n°57).
CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID

sábado, 11 de setembro de 2010

Instrumentos para conhecer melhor a Palavra de Deus

Reforço, neste mes dedicado a Bíblia, alguns dos instrumentos que temos a nossa disposição para um conhecimento maior da Palavra de Deus:

Um curso bíblico:
http://www.jovensredentoristas.com/Formacao06.htm
dê uma atenção especial a sua introdução.

Uma bíblia online:
http://www.bibliacatolica.com.br/

visite o site do Centro de Estudos Bíblicos:
http://www.cebi.org.br/

Bom proveito!

Fundamentalismo 3

Fundamentalismo Bíblico! Não entre nessa!
fonte: Canção Nova http://blog.cancaonova.com/dominusvobiscum/2007/06/18/fundamentalismo-biblico-nao-entre-nessa/

A Bíblia é um livro que parece complicado. Parece mais não é. Porém exige de nós uma atenção especial. Sua formação foi muito lenta e muito complexa. A maior parte de seus livros são obra de muitas mãos e a composição de algus deles durou séculos. Por isso, não é fácil lê-la da forma correta e a tentação do fundamentalismo é grande. O que é o fundamentalismo? É uma interpretação literal daquilo que se tem em mãos, porém essa interpretação literal geralmente é feita sem uma análise mais profunda. Podemos dizer que o fundamentalismo é uma radicalidade baseada em uma superficialidade. Quando falamos da palavra de Deus, olhando por esse contexto, podemos sem medo afirmar que, fundamentalismo destrói o verdadeiro sentido das Escrituras, exatamente quando parece ser mais fiel à Palavra de Deus!

Veja bem. A palavra de Deus foi escrita em séculos diferentes, em contextos diferentes, em estilos diversos, e em situações diferentes. Precisamos nos debruçar nas Escrituras tendo isso como base.

• Épocas diferentes: as partes mais antigas das Escrituras podem vir do século XII antes de Cristo, lá pelo ano 1100 aC, enquanto o último livro do Novo Testamento, a Segunda Carta de Pedro, é do final do século I ou início do século II dC.

• Estilos diversos: o livro de Josué conta a entrada do povo de Israel de modo triunfal e heróico, os 11 primeiros capítulos do Gênesis são uma meditação em forma de parábolas, o livro de Jó é uma historinha como a nossa literatura de cordel, os salmos são poemas, Isaías e Jeremias são coleções de oráculos, há cartas, narrações populares, como a do profeta Eliseu (cf. 2Rs 2, 19-25; 6,1-7), e histórias para despertar a piedade, como as de Ester, Judite, Jonas e Tobias.

• Situações diferentes: algumas partes foram escritas em momentos de glória, como alguns provérbios mais antigos; outras, em momento de perseguições e sofrimentos, como o Livro de Daniel.

Quando eu leio seja qual for o texto, para que eu chegue a compreensão daquilo que é lido, eu preciso me voltar para todas essas realidades, por que senão eu acabo entendendo algo que aprendi de forma superficial e defendendo essa superficialidade de forma radical.

O segundo ponto que devemos nos ater é: os livros das Escrituras têm preocupações diferentes.
• os 11 primeiros capítulos do Gênesis querem refletir sobre por que Deus criou tudo, qual o papel do homem e por que o mundo é marcado pelo mal e pela morte…
• o livro de Jó quer matar uma charada: por que o homem de bem sofre?
• os livros dos macabeus querem consolar e animar o povo nas tribulações;
• as cartas de São Paulo querem catequizar as comunidades e resolver os problemas que nelas surgiam;
• os evangelhos querem anunciar que Jesus é o messias morto e ressuscitado….

Infelizmente existem pessoas pregando por ai que você por si só pode simplesmente conhecer tudo da Sagrada Escritura simplesmente lendo e fazendo a sua análise particular dos textos sagrados. Porém fica a pergunta: Será que você amigo internauta, tem o total conhecimento histórico, geográfico, cultural e linguístico para retirar tudo da Sagrada Escritura? Se você tem, ou acha que tem vá em frente e seja feliz. Mas eu, Cadú, um ser humano limitado e de pouco conhecimento, prefiro ser mais prudente. Prefiro recorrer àquilo que a Igreja ensina. A Igreja tem estudado ao longo dos mais de 2.000 anos as Sagradas Escrituras.

É óbvio que lendo a Bíblia você entenderá muita coisa, porque existe muita coisa de fácil compreensão. Porém existem pontos da palavra que aparentemente são de difícil compreensão, ou as vezes nos parecem até controversos. É nessa hora que ao invés de tirar minhas prórpias conclusões eu prefiro recorrer a Santa Igreja.

Precisamos sim, eu e você, ler a bíblia e ler muito. Todos os dias se possível. Mas não podemos ter dúvidas sobre a palavra ou uma vez que tenhamos dúvidas sairmos tentando encontrar respostas fáceis das coisas. Seja prudente! Busque a Igreja. Assim você não erra

Fundamentalismo 2



Fundamentalismo é a maneira de interpretar literalmente o texto sagrado, sem contextualizá-lo. Para o fundamentalista, a letra da lei vale mais que o Espírito de Deus. E a doutrina religiosa está acima do amor. Os fundamentalistas são os que acreditam que as sagradas escrituras foram diretamente ditadas ou inspiradas por Deus e que, por isso, tudo o que nelas está escrito é sagrado, verdadeiro e deve ser obrigatoriamente obedecido para sempre. Aquilo que Deus comandava há 3.000 anos é válido para hoje e para todos os tempos futuros, sem questionamentos.

Muitos são os que vem até nossas casas, ou nos abordam no ambiente de escola ou de trabalho, tendo de início uma atitude de cordeiro que subtamente se revela a de lobo feroz desrespeitando as nossas crenças e tradições e tentando impor através de sua visão uma "palavra de Deus" mais parecida com a visão dos fariseus do que com a Boa Nova de Jesus.


Quem defende uma visão fundamentalista diante da Bíblia acaba por fazer uma seleção dos textos da Bíblia que deseja seguir, para não cair nas situações descritas no texto abaixo:

Sobre uma carta dirigida a Laura Schlessinger, conhecida locutora de rádio nos Estados Unidos que tem um desses programas interativos que dá respostas e conselhos aos ouvintes que a chamam ao telefone. Recentemente, perguntada sobre a homossexualidade, a locutora disse que se trata de uma abominação, pois assim a Bíblia o afirma no livro de Levítico 18,22. Um ouvinte escreveu-lhe o seguinte:

"Querida doutora Laura, muito obrigado por se esforçar tanto pra educar as pessoas segundo a lei de Deus. (...) Mas, de qualquer forma, necessito de alguns conselhos adicionais de sua parte a respeito de outras leis bíblicas e sobre a forma de cumpri-las: gostaria de vender minha filha como serva, tal como o indica o livro de Êxodo 21,7. Nos tempos em que vivemos, na sua opinião, qual seria o preço adequado?

O livro de Levítico 25,44 estabelece que posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, desde que não sejam adquiridos de países vizinhos. Um amigo meu afirma que isso só se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Será que a senhora poderia esclarecer esse ponto? Por que não posso possuir canadenses?

Sei que não estou autorizado a ter qualquer contato com mulher alguma no seu período de impureza menstrual (Levítico 18,19, 20,18 etc.).O problema que se me coloca é o seguinte: como posso saber se as mulheres estão menstruadas ou não? Tenho tentado perguntar-lhes, mas muitas mulheres são tímidas e outras se sentem ofendidas.

Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no sábado. O livro de Êxodo 35,2 claramente estabelece que quem trabalha aos sábados deve receber a pena de morte. Isso quer dizer que eu, pessoalmente, sou obrigado a matá-lo? Será que a senhora poderia, de alguma maneira, aliviar-me dessa obrigação aborrecida?

No livro de Levítico 21,18-21 está estabelecido que uma pessoa não pode se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito na vista. Preciso confessar que eu preciso de óculos para ver. Minha acuidade visual tem de ser 100% para que eu me aproxime do altar de Deus?

Eu sei, graças a Levítico 11,6-8, que quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. Acontece que adoro jogar futebol americano, cujas bolas são feitas de pele de porco. Será que me será permitido continuar a jogar futebol americano se usar luvas?

Meu tio tem um sítio. Deixa de cumprir o que diz Levítico 19,19, pois que planta dois tipos diferentes de semente ao mesmo campo, e também deixa de cumprir a sua mulher, que usa roupas de dois tecidos diferentes -a saber, algodão e poliéster. Será que é necessário levar a cabo o complicado procedimento de reunir todas as pessoas da vila para apedrejá-la? Não poderíamos queimá-la numa reunião privada?

Sei que a senhora estudou esses assuntos com grande profundidade de forma que confio plenamente na sua ajuda. Obrigado de novo por recordar-nos que a palavra de Deus é eterna e imutável". (Achei esse texto no site: http://www.forumespirita.net/fe/o-que-e-o-espiritismo/do-fundamentalismo-cristao/#ixzz0zCknyHsm)

Um texto sobre o fundamentalismo

Fundamentalismo
por Leonardo Boff

Hoje se fala muito de fundamentalismo. Fundamentalismo do mercado e do projeto neoliberal, fundamentalismo cristão, fundamentalismo islâmico, (...). Tentemos esclarecer o leitor o que seja fundamentalismo e o risco que representa para a pacífica convivência humana e para o futuro da humanidade.

O nicho do fundamentalismo se encontra no protestantismo americano, surgido nos meados do século 19 e formalizado, posteriormente, numa pequena coleção de livros que vinha sob o título Fundamentals: a testimony of the Truth (1909-1915). Trata-se de uma tendência de fiéis, pregadores e teólogos que tomavam as palavras da Bíblia ao pé da letra (o fundamento de tudo para a fé protestante é a Bíblia). Se Deus consignou sua revelação no Livro Sagrado, então tudo, cada palavra e cada sentença, devem ser verdadeiras e imutáveis. Em nome do literalismo, esses fiéis opunham-se às interpretações da assim chamada teologia liberal. Esta usava e usa os métodos histórico-críticos e hermenêuticos para interpretar textos escritos há 2-3 mil anos. Supõe-se que a história e as palavras não ficaram congeladas. Precisam ser interpretadas para resgatar-lhes o sentido original. Esse procedimento para os fundamentalistas é ofensivo a Deus. Por razões semelhantes, eles se opõem aos conhecimentos contemporâneos da história, das ciências, da geografia e especialmente da biologia que possam questionar a verdade bíblica.

Para o fundamentalista, a criação se realizou mesmo em sete dias. O cristianismo detém o monopólio da verdade revelada. Jesus é o único caminho para a salvação. Fora dele há somente perdição. Daí o caráter militante e missionário de todo fundamentalista. Face aos demais caminhos espirituais ele é intolerante, pois eles significam simplesmente errância. Na moral é especialmente rigoroso, particularmente no que concerne à sexualidade e à família. É contra os homossexuais, o movimento feminista e os movimentos libertários em geral. Na economia é conservador e na política sempre exalta a ordem e a segurança a qualquer custo.

O fundamentalismo protestante ganhou relevância social a partir dos anos 50 com as Eletronic Church. Pregadores nacionalmente famosos usam o rádio e a televisão em cadeia para suas pregações e campanhas conservadoras. Sob Ronald Reagan, significaram um fator político determinante. Combatem abertamente o Conselho Mundial de Igrejas em Genebra (que reúne mais de duas centenas de denominações cristãs) e todo tipo de ecumenismo, tidos como coisa do diabo.

O catolicismo possui também seu tipo de fundamentalismo. Ele vem sob o nome de Restauração e Integrismo. Procura-se restaurar a antiga ordem, fundada no casamento do poder político com o poder clerical. (...).

Intolerância - Não é uma doutrina. Mas uma forma de interpretar e viver a doutrina. É a atitude daquele que confere caráter absoluto ao seu ponto de vista. Sendo assim, imediatamente surge um problema de graves conseqüências: quem se sente portador de uma verdade absoluta não pode tolerar outra verdade e seu destino é a intolerância. E a intolerância gera o desprezo do outro e o desprezo, a agressividade e a agressividade, a guerra contra o erro a ser combatido e exterminado. Irrompem guerras religiosas, violentíssimas, com incontáveis vítimas.

(...)

Verdade - O fundamentalismo não possui apenas um rosto religioso. Todos os sistemas sejam culturais, científicos, políticos, econômicos e artísticos que se apresentam como portadores exclusivos de verdade e de solução única para os problemas devem ser considerados fundamentalistas. Vivemos atualmente sob o império feroz de vários fundamentalismos.

(...)

Cegos - Não se há de sorrir nem de chorar. Mas de procurar entender. Todos os fundamentalismos, não obstante o variado matiz, possuem as mesmas constantes. Trata-se sempre de um sistema fechado, feito de claro e de escuro, inimigo de toda diferenciação e cego face à lógica do arco-íris, em que a pluralidade convive com a unidade. Cada verdade se encontra indissoluvelmente concatenada à outra. Questionada uma, desaba todo o edifício. Daí a intolerância e a lógica linear. Daí sua força de atração para espíritos sedentos de orientações claras e de contornos precisos. Para o fundamentalista militante a morte é doce, pois transporta o mártir diretamente ao seio materno de ''Deus'', enquanto a vida é vivida como oportunidade de cumprir a missão divina de converter ou exterminar os infiéis. O grupo é o lar da identidade, o porto da plena segurança e a confirmação de estar do lado certo.

Como enfrentar os fundamentalistas? Estes são praticamente inacessíveis à argumentação racional. Nem por isso deve-se renunciar ao diálogo, à tolerância e o uso da razão para mostrar as contradições internas, subjacentes ao discurso e à prática fundamentalista. Por detrás do fundamentalismo político vigora uma experiência dolorosa de humilhação e de prolongado sofrimento. E procura-se infligir a mesma coisa ao outro, o que é manifestamente contraditório. Trazer o fundamentalista à realidade concreta, cheia de contradições, claro-escuros e nuances pode introduzir nele a dúvida e a insegurança. Estas possuem uma função terapêutica. Podem abrir uma brecha para a luz no muro das convicções cerradas e excludentes. Dialogar até a exaustão, negociar até o limite intransponível da razoabilidade, pode levar o fundamentalista a reconhecer o outro, seu direito de existir e a contribuição que poderá dar para uma convergência mínima na diversidade.

Estamos numa encruzilhada da história humana. Ou criar-se-ão relações multipolares de poder, eqüitativas e inclusivas com pesados investimentos na qualidade total da vida para que todos possam comer, morar com mínima dignidade e apropriar-se de cultura com a qual se possam comunicar com seus semelhantes, preservando a integridade e beleza da natureza ou iremos ao encontro do pior, quem sabe, ao mesmo destino dos dinossauros. Armas para isso existem e sobra demência. Faz-se urgente mais sabedoria que poder e mais espiritualidade que acúmulo de bens matérias. Então os povos poderão se abraçar como irmãos na mesma Casa Comum, a Terra, e irradiaremos como filhos da alegria e não como condenados ao vale de lágrimas.

Este texto na íntegra você pode encontrar em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boff/boff_fundamen.htm

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A hora certa e a quantia certa de tomar água.


Sabia que…
… tomar agua na hora correta maximiza os cuidados no corpo humano?

2 copos de agua depois de acordar ajuda a ativar os órgãos internos.
1 copo de agua 30 minutos antes de comer ajuda na digestão.
1 copo de agua antes de tomar banho ajuda a baixar a pressão sanguínea.
1 copo de agua antes de ir dormir evita ataques do coração.

Semana Nacional da Vida, de 1 a 7 de outubro e Dia 8 do Nascituro



Em 2005 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), instituiu a Semana Nacional de Defesa da Vida, de 1 a 7 de outubro e 8 o Dia do Nascituro.

Nesse período, as dioceses são convidadas a desenvolver várias atividades em favor da vida.

A Declaração sobre Exigências Éticas em Defesa da Vida, fruto da Assembléia Geral, conclama toda Igreja a refletir, em profundidade, através de celebrações, cursos, encontros e seminários sobre temas de bioética, e a se manifestar, sempre que necessário, sobre o valor da vida em todas as suas dimensões.

Sugestões para celebrar Semana Nacional da Vida e Dia do Nascituro:

Dia 1 – Visita aos doentes, celebração do Sacramento da Unção para os doentes e idosos, incentivar a doação de sangue e órgãos.
Dia 2 – Celebrar e reunir as pastorais que cuidam da vida (Pastoral Familiar, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Infância Missionária, crianças da Catequese, Pastoral do Menor, Pastoral dos habitantes de rua, Movimentos de casais etc.)
Dia 3 – Visitas, reuniões, celebrações com crianças e professores das creches e escolas.
Dia 4 – Visitas e celebrações em maternidades, hospitais e prisões.
Dia 5 – Missa e encontros com profissionais da saúde e Comissões de Bioética e da Vida.
Dia 7 – Promover encontros de casais, pais e filhos, namorados e noivos com temas sobre a promoção e defesa da vida. Promover uma caminhada em favor da vida.
Dia 6 – Reflexão sobre alcoolismo, drogas e violência (fazer uma via-sacra a partir destas realidades).
Dia 8 – Dia do Nascituro – Missa com mães grávidas e seus familiares e a comunidade local.


Dom Orlando Brandes
Presidente da Comissão Nacional para a Vida e Família – CNBB

Não vote em quem não defende o direito de viver!

Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras

NOTA DA COMISSÃO EPISCOPAL REPRESENTATIVA DO CONSELHO EPISCOPAL REGIONAL SUL 1 - CNBB

A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua Reunião ordinária, tendo já dado orientações e critérios claros para “VOTAR BEM”, acolhem e recomendam a ampla difusão do “APELO ATODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS” elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico “www.cnbbsul1.org.br”. São Paulo, 26 de Agosto de 2010.

Dom Nelson Westrupp, scj - Presidente do CONSER-SUL 1
Dom Airton José dos Santos - Secretário Geral do CONSER SUL 1
Dom Benedito Beni dos Santos - Vice-presidente do CONSER-SUL 1

Nós, participantes do 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida (CDDVs), organizado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB e realizado em S. André no dia 03 de julho de 2010, - considerando que, em abril de 2005, no II Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (nº 45) o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto,

- considerando que, em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher,

- considerando que, em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Polítíca das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime,

- considerando que, em setembro de 2006, no plano de governo do 2º mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto,

- considerando que, em setembro de 2007, no seu IIIº Congreso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa,

- considerando que, em setembro de 2009, o PT puniu os dois deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto,

- considerando como, com todas estas decisões a favor do aborto, o PT e o atual governo tornaram-se ativos colaboradores do Imperialismo Demográfico que está sendo imposto em nível mundial por Fundações Internacionais, as quais, sob o falacioso pretexto da defesa dos direitos reprodutivos e sexuais da mulher, e usando o falso rótulo de “aborto - problema de saúde pública”, estão implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional,

- considerando que, em fevereiro de 2010, o IVº Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto nª 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antisocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso País,

- considerando que este mesmo Congresso aclamou a própria ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República,

- considerando enfim que, em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto,

RECOMENDAMOS encarecidamente a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, em consonância com o art. 5º da Constituição Federal, que defende a inviolabilidade da vida humana e, conforme o Pacto de S. José da Costa Rica, desde a concepção, independentemente de sua convicções ideológicas ou religiosas, que, nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalizacão do aborto.

Convidamos, igualmente, a todos para lerem o documento “Votar Bem” aprovado pela 73ª Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, reunidos em Aparecida no dia 29 de junho de 2010 e verificarem as provas do que acima foi exposto no texto “A Contextualização da Defesa da Vida no Brasil” elaborado pelas Comissões em Defesa da Vida das Dioceses de Guarulhos e Taubaté, ligadas à Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, ambos disponíveis no site desse mesmo Regional.
http://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf

COMISSÃO EM DEFESA DA VIDA DO REGIONAL SUL 1 DA – CNBB

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Exegese: o estudo das escrituras

No mês da Bíblia, nos deparamos com o termo "exegese", aqui uma explicação:

A Exegese (do grego: exegeomai, exegesis; sentido literário extrair, externar, expor, conduzir ou guiar à correta interpretação ou leitura de determinado texto) é uma ciência literária que, no caso específico da Teologia, procura ajudar na compreensão correta do sentido do texto em sua extensão e profundidade.

Em princípio ela não se difere da hermenêutica, mas no seu ofício prático o exegeta vai trabalhar com essa ferramenta adicionando o estudo do texto bíblico em sua língua original. Procura esclarecer o sentido correto das expressões de maneira que a interpretação (hermenêutica) se aproxime o tanto quanto possível do seu significado real. Esclarece a historicidade e a correspondência entre o texto bíblico redigido e a mensagem de Jesus (no que tange ao fato de quando se possa identificar essa mensagem no contexto do NT), isto é, quando o texto expressa a vivência e expectativas da comunidade primitiva, ou, no caso do AT, a posição histórica de tal livro no âmbito da comunidade israelita, no que concerne ao momento histórico em que foi redigido, historicidade, correlação com outros livros do cânon. E finalmente à tradução e comparação aproximativa entre o texto original e as traduções subseqüentes em especial a Septuaginta (século II), sempre procurando a reconstituição mais fiel possível do texto originalmente redigido. O trabalho do exegeta fundamenta-se obrigatoriamente na pesquisa baseada nas fontes originais tanto do AT quanto do NT, isto é, os Manuscritos do Mar Morto (séculos III a II a.C), o Texto Massorético (séc. IX a XI) e os códices neo-testamentários, especialmente o Sinaítico (séc.III-IV).

Desse modo, a Exegese é uma ciência que usa como ferramentas a pesquisa histórica propriamente dita, a Hermenêutica e também a Filologia, a fim de acompanhar mais detidamente a evolução dos padrões lingüísticos dos idiomas bíblicos para, desse modo, atestar com maior probabilidade das relações do texto canônico com o lugar vivencial em que foram escritos e a sua datação cronológica.

Nesse sentido, a Exegese faz o que, em Teologia pode ser definitido como a crítica da Bíblia, isto é, o exame minucioso de cada livro no sentido de reconstituir sua história e estabelecer sua autenticidade feita com rigor inteiramente isento e científico.

A Exegese, como ciência, surgiu de fato no século III por meio da extensa obra de Orígenes (180 - 254) que com sua escola, primeiramente instalada em Alexandria e depois em Cesaréia, iniciou um minucioso trabalho de crítica textual de toda a Bíblia. Mas tamanha a pesquisa que Orígenes empreendeu na investigação das Sagradas Escrituras, que também estudou a língua hebraica e aquelas obas originais escritas em Hebraico que estavam nas mãos dos judeus, que obteve para si. Também investigou as edições de outros que, além dos Setenta (Septuaginta) haviam publicado traduçõs das Escrituras e algumas diferentes das bem conhecidas traduções de Áquila, Símaco e Teodósio, as quais procurou e rasteou, não sei de que antigos esconderijos em que estavam escondidas desde remotos tempos, trazendo-as à luz (CESARÉIA Eusébio. História Eclesiástica, 6. 16). Infelizmente a sua exegese alegórica acabou comprometendo grande parte da pesquisa que no século IV obteve um notável incremento com a obra de Jerônimo (354 - 420) que, além do minucioso trabalho de tradução do texto bíblico para o latim (Vulgata) empreendeu um aprofundado estudo exegético dos livros sagrados e embora fosse mais severo em relação à interpretação alegórica origenista, acabou também por aceitar à concepção de Orígenes sobre o significado espiritual para explicar os antropomorfismos e outras passagens intrincadas da Escritura.

Na cidade de Antioquia da Síria, desenvolveu-se também a partir do século IV uma poderosa escola de estudo da Escritura onde talvez o nome mais destacado tenha sido o de Teodoro de Mopsuestia (350 - 428) e que contribuiu decisivamente para o sepultamento da alegoria como ferramenta hermenêutica e exegética de interpretação da Escritura, em favor de uma leitura tipológica do texto, buscando sua significação na correta compreensão do texto no seu entendimento literal. É com a escola antioquena que começa de fato a Exegese no sentido moderno do termo.

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