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quinta-feira, 28 de julho de 2011

INSTRUÇÃO SOBRE O FOLHETO LITÚRGICO OU LITURGIA DIÁRIA

Caros irmãos e irmãs, a nossa comunidade como tantas outras ainda é dependente no uso do folheto (uma muleta) nas celebrações. Como vimos nesses dias, podemos e devemos valorizar a Palavra que nos é proclamada, sobretudo, pelo escutar e acolhê-la convenientemente. Então, faremos a seguir uma reflexão de como esse ‘mal necessário’ adentrou nas comunidades e como podemos superá-lo a partir do próximo ano.
No imediato pós Vaticano II, realmente, o folheto foi um ‘mal necessário’. Mas não mais, graças a Deus. A liturgia é categórica ao afirmar que ele não é mal necessário. Realmente ele é desnecessário nas celebrações litúrgicas, quando temos celebrações bem preparadas. O folheto litúrgico foi introduzido nas celebrações logo após o Concílio Vaticano II, após a grande reforma litúrgica, para orientar o povo celebrar melhor até que as mudanças fossem assimiladas e não era intenção que esse perdurasse para sempre como uma muleta. A nossa comunidade, após uma reflexão, amadurecimento e aperfeiçoamento litúrgico, que já vem conseguindo, poderá livrar-se dessa muleta, a qual não queremos que nenhum outro instrumento possa lhe ser similar. Digo, como por exemplo, a liturgia diária. Reflitamos a seguir o porquê.
É bom começarmos lembrando que o que está contido nos livros litúrgicos é para ser proclamado, lido, anunciado, comunicado em voz alta. Ou seja, a comunicação escrita se faz oral. Nada é para ser lido intimamente ou em voz silenciosa. Tudo é para fora, para os outros, tudo é com os outros, em nome dos outros. A comunicação vem escrita, passa pela voz, pelo uso correto do microfone, mesmo que seja uma comunicação ‘apoiada’ no folheto escrito ou no mural.
Donde vem a mais elementar das conclusões: ler em silêncio enquanto outro proclama um texto, seguir em silêncio uma leitura que está sendo proclamada em voz alta para toda a assembleia, não é o gesto realmente litúrgico de quem celebra uma festa. Ouvir, acolher pelo silêncio de escutar, estar atento ao que o outro anuncia, lê e proclama, esta é a mais autêntica atitude litúrgica de uma assembleia diante de um texto. Quantas comunidades sabem muito mais seguir uma leitura do que ouvir a palavra? Além de ser “deseducado” acompanhar a proclamação de um texto que é lido exatamente para a gente ouvir. Implicitamente nossa atitude já diz: já que ele não sabe ler, vou ler individualmente, para mim mesmo!
Uma comunidade que sabe se encontrar, que sabe ouvir, que sabe fazer silêncio, que curte a Palavra em sua vida, que participa assiduamente da celebração, dispensa facilmente um folheto ou qualquer outro periódico. Qualquer escravidão, dependência, ou opressão, dificulta a arte de festejar e impede a espontaneidade de celebrar. Talvez hoje, por variadas razões, se viva em nossas comunidades a opressão dos folhetos ou se troca por outros periódicos. Não se sabe celebrar com as mãos livres, ou melhor, não sabe o que fazer com as mãos ao celebrar.
Caros irmãos e irmãs, a celebração litúrgica acontece no encontro festivo dos que creem no Senhor Jesus e afirmam sua memória na alegria do encontro de irmãos. Portanto, este encontro se dá na acolhida de sua Palavra, na participação de sua mesa e graça e se fortalece para dar testemunho dela na, pela e com a vida cotidiana.
Toda liturgia deveria ser uma festa. Festa que vai desde a mais complexa – enriquecida com todos os elementos de quem tem direito – até a mais simples e despojada, ou seja, da refeição na família. Almoço de Domingo e dia de festa não é refeição do dia-a-dia. E, ambos, devem ser festa de encontro. Assim também a celebração eucarística dominical não é a celebração de um dia de semana comum. Mas é sempre festa.
Por isso mesmo, ela não comporta a leitura individualista e silenciosa. Ela é partilha da Palavra pela escuta atenta, piedosa e acolhedora, que lhe vem na voz e na interpretação daquele que lê, proclama, convoca, aclama. Ouvir é tão ou até mais participativo do que falar, pois significa mais unidade e comunhão de coração, de atenção, de carinho. Tanto assim que o serviço de leitor na liturgia é um verdadeiro ministério a serviço da comunidade e da Palavra.
Quantos são os que se põem a ler durante o ministério da leitura proclamada para todos? Quantos deixam de lado o folheto para ouvir a Palavra comunicada de viva voz? Tem-se, às vezes, a impressão de estar num restaurante onde cada um faz sua própria refeição e nem está aí para com os outros.
Enfim, há que distinguir para bem discernir: o grau de evangelização da comunidade, o nível de sua participação litúrgica, o conhecimento e iniciação da Palavra, a catequese litúrgica da paróquia, o sistema de som, a capacidade de comunicação dos presbíteros e ministros da Palavra, o espaço físico da festa. Este complexo de exigências pode levar ao ideal de dispensar o folheto, como já o fizemos e também que o periódico “Liturgia Diária” não o venha substituí-lo, usando apenas o recurso mais viável para a nossa comunidade: leitores capacitados, som excelente e projetor de multimídia para cantos e outras respostas; pois, a comunidade que sabe se encontrar, que sabe ouvir, que sabe fazer silêncio, que curte a Palavra em sua vida, que participa assiduamente da celebração, dispensa facilmente e com alegria estas muletas. Qualquer escravidão, dependência, ou opressão, dificulta a arte de festejar e impede a espontaneidade de celebrar..
Pois bem, a nossa comunidade tem condições, capacidade e os requisitos necessários para bem celebrar sem a dependência de qualquer um periódico como já o experimentamos. Não me leve a mal. Mas liberte-se também. Use a Liturgia Diária em casa, no dia-a-dia, medite as leituras do dia antes de vir para a celebração. Isso o ajudará a compreender melhor que o Senhor nos revela na sua Palavra. Use-a ainda nas missas semanais para acompanhar as orações eucarísticas ou até cantos, mas nunca para acompanhar as leituras na hora da proclamação.
Na condição de pároco e primeiro catequista e orientador da Comunidade, despeço-me com um abraço fraterno.
Seu irmão menor em Cristo Jesus,
Frei Fernando Aparecido dos Santos, OFM.
PS – Em tempo, seja um membro atuante da nossa pastoral litúrgica.

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