
Um deles, uma carta de autor anônimo do final do segundo século, responde a algumas questões sobre a religião dos cristãos, a um personagem real que viveu no ano de 197 e era administrador romano: Cláudio Diogneto.
Diogneto ouvira dizer que eles seriam um “povo novo”, portador de uma “nova civilização”, e pedia informações sobre isto.
O autor da carta não faz outra coisa que confirmar essa função do cristianismo.
Vamos à leitura dessa carta.

Entretanto, é possível notar que as suas comunidades são regidas por leis extraordinárias, que poderiam até parecer paradoxais, mas habitam nela com se fossem estrangeiros, com residência provisória. Cumprem rigorosamente os próprios deveres de cidadãos e, se têm algum ofício, executam com responsabilidade, porém como se isso não lhes importasse pessoalmente. Em qualquer país estrangeiro sentem-se como se estivessem em casa, mas também é verdade que para eles qualquer pátria é uma terra estrangeira. Eles se casam, como todos os outros, e têm filhos, mas nunca abandonam os recém-nascidos.

Passam a vida sobre a terra, mas são cidadãos do céu. Obedecem às leis vigentes, mas a conduta deles, quanto à perfeição, supera as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos, desprezados, condenados; para eles, morrer é nascer para a vida. São pobres, mas enriquecem os outros. Falta-lhes tudo, mas é como se vivessem na abundância.
Alguém os despreza? É como se os elogiasse. Quando caluniados, sentem-se compreendidos. Se os insultam, eles bendizem, se os ultrajam, eles agradecem. São pessoas que só fazem o bem, mas são punidas como criminosas. Quando lhes batem, eles exultam de alegria, como se recebessem uma vida nova.
Os judeus fazem guerra contra eles e os gregos não ficam atrás em persegui-los, porque ninguém os considera como membros da mesma “raça”. Entretanto, todos os que os odeiam não saberiam dizer o motivo do próprio ódio.

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