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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Análise da civilização atual

Veja a clareza com que o pessoal do instituto Humanitas Unisinos descreve o momento histórico em que vivemos (o texto encontra-se em http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=33):

(...)
3. A grande transformação socioeconômica caracteriza-se, fundamentalmente, pela “revolução científico-tecnológica que preside o ciclo de modernidade em que a sociedade humana se organiza como sociedade do conhecimento e da informação”.
4. Vivemos a transição de uma modernidade para uma outra modernidade. Se a primeira foi universalizada pela Revolução Científica do século XVII e pela Revolução Industrial, desencadeada em 1750, a segunda universaliza o conhecimento e a informação, afetando profundamente todas as dimensões da existência humana.
5. Há, dessa maneira, um dinamismo de universalização presente na moderna civilização ocidental, tornando-a a primeira civilização efetivamente universal da história.
6. A transição da primeira para a segunda modernidade implica “rupturas e continuidades dos padrões e paradigmas da vida vivida, bem como das idéias que anunciam novos padrões e paradigmas da vida pensada” .
7. A modernidade na qual se insere o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, caracteriza-se como um tempo de avanços científicos e tecnológicos sem precedentes.
8. “Tais avanços estão ligados ao conceito de ciência que se instituiu no século XVII com a adoção do método cartesiano-galileiano de análise segundo regras que permitem a construção do modelo matemático mais adequado à explicação dos fenômenos da natureza pela formulação das leis do seu funcionamento. A ciência moderna se define desde o início como um conhecimento que procede por hipóteses, deduções e verificação experimental. Por ciência passa-se a entender a ciência de tipo físico-matemática, ou seja, empírico-formal na qual o conhecimento é exercido como uma operação capaz de construir seu próprio objeto e de instituir assim uma homologia entre o sujeito e seu mundo de objetos, esses assumindo a estrutura típica do objeto técnico. Da ciência físico-matemática procede a revolução científica que vem transformando as referências de nosso universo mental, que tornou possível a revolução técnica” .
9. “Neste início do século XXI, as crescentes convergência e mobilidade de tecnologias de rede digital estão dando origem a modalidades novas e massivas de interação social em que os mundos físico e virtual passam a se encontrar. A fusão do real e do digital vem se tornando importante processo de mudança social, em que se esboçam os contornos de uma república digital. A combinação do input do código com o input do mundo une o digital e o real da mesma maneira como já interagem o ser humano e a máquina. Essa fusão do real e do digital recria o mundo como interface inconsútil entre realidade física e digital. Uma nova tecnociência vem se formando a partir da interseção da computação, da tecnologia de comunicações, da biotecnologia e da nanotecnologia; uma nova sociedade deve emergir do tensionamento permanente entre os seus diversos segmentos frente às mudanças significativas produzidas por este processo de avanço tecnológico de caráter revolucionário” .
10. Esta grande transformação implica uma radical mudança do mundo do trabalho. O trabalho assalariado, inventado pela Revolução Industrial, perde a sua centralidade juntamente com a ruptura do contrato social forjado pelas lutas heróicas do movimento sindical e social. Relações de trabalho flexíveis, móveis e precárias caracterizam o emprego que singulariza a segunda modernidade. O trabalho industrial perde a sua hegemonia, surgindo em seu lugar o “trabalho imaterial”, ou seja, o trabalho que cria produtos imateriais como o conhecimento, a informação, a comunicação, uma relação ou uma reação emocional .
11. A grande transformação da cultura material operada pelos avanços técnico-científicos, por sua vez, faz de nós a primeira civilização humana que venceu a escassez. O medo da escassez foi superado definitivamente. A revolução da abundância introduz um operador simbólico maior que provoca uma transformação radical na relação coletiva e individual com o mundo .
12. A grande transformação socioeconômica que testemunhamos é fundada e informada pela grande transformação ético-cultural.
13. Uma das suas características fundamentais é a invenção e a afirmação histórica da autonomia.
14. “Quem diz autonomia, diz historicidade, diz abandono da religião como sentido último da ação histórica. As concepções modernas de indivíduo e de sociedade se embasam sobre o conceito de autonomia”.
15. “O reconhecimento da subjetividade do indivíduo enquanto tal, sua autonomia, como fundamento da moralidade distingue o ciclo da modernidade que nos é dado viver da modernidade vivida pela antiguidade clássica greco-cristã. Proclama-se como princípio universal que a liberdade do indivíduo é o caminho percorrido pela humanidade contemporânea. Esta não pode reconhecer outra autoridade que atente contra esta liberdade”.
16. Assim, a afirmação mais radical da centralidade lógica e axiológica do sujeito encontra-se na reivindicação da sua autonomia na esfera ética. Por um lado, as revoluções científica e industrial forjaram a tecnociência que impôs a todos os quadrantes do mundo moderno um estilo de vida dominado pela racionalidade empírico-formal nas relações cognoscitivas e nas relações políticas e de produção uma racionalidade instrumental.Por outro lado, elas transformaram radicalmente as estruturas do mundo humano no âmbito da categoria da intersubjetividade, na medida em que o processo de inflexão sobre o sujeito marca o início da época moderna. Ela se constitui no programa da modernidade, ou seja, o predomínio da racionalidade dominante da tecnociência e a universalização nas sociedades liberais do individualismo como ideologia da modernidade confluíram para desenhar o perfil antropológico do homem moderno.
17. E aqui se instaura o paradoxo da modernidade que a torna um enigma. O enigma da modernidade consiste no fato de sermos “uma civilização tão prodigiosamente avançada na sua razão técnica e tão dramaticamente indigente na sua razão ética”. “Aqui situa-se, provavelmente, o âmago da crise que trabalha a primeira civilização que se pretende uma civilização mundial: uma civilização sem ethos e, assim, impotente para formular a Ética correspondente às suas práticas culturais e políticas e aos fins universais por ela proclamados”.
18. “O devir histórico da modernidade apresenta o paradoxal espetáculo de um avançar vertiginoso da cultura material, mas por caminhos incertos e sem a visão de um claro horizonte de metas e ideais”. As grandes forças que dominam a sociedade são de ordem material. Elas produzem meios e multiplicam objetos, mas, por sua própria natureza, não são portadoras de fins e valores, a não ser o fim de uma produção sem fim e o valor de uso inscrito na destinação dos objetos produzidos.
19. Enfim, a norma da tecnociência e o imperativo da primeira pessoa do singular, impuseram uma nova forma do existir humano a todos os campos da nossa atividade. O “prometeísmo antropológico da modernidade”, fez o ser humano dissolver o seu laço com o universo. O ser humano passa a se ver “como herdeiro – ou como usurpador – do antigo poder de Deus: ele chega a acreditar que nada é impossível”.
20. Ele se torna “senhor e possuidor da Natureza” (Descartes) que passa a ser unificada e homogeneizada sob a égide dos modelos físico-matemáticos que se sucedem de Newton a nossos dias. Tudo pode ser sua propriedade e estar à sua disposição para conhecer e explorar. A natureza, assim como o ser humano, já não tem mais Deus nem senhor. Há segredos que o ser humano agora pode perscrutar. Tudo o que é sagrado pode ser profanado, na expressão de Karl Marx. “Se Deus não é mais, o homem se torna o único concessionário do ser e do poder”. Há uma negação radical do impossível. Daí resultam dois traços enigmáticos: o ativismo e o prazer de destruir. Pois, usar ilimitadamente da liberdade sem conhecer os fins da liberdade é a prática social que se difunde universalmente como sucedâneo aético do que deveria ser o ethos da primeira civilização universal”. Instaura-se, assim, o horizonte da imanência histórica como único horizonte englobante de toda a realidade.
21. “Na gênese dessa instauração está o abandono do esquema de participação vertical no Absoluto por parte do espírito finito, que passa a adotar o esquema da participação horizontal. O predomínio do modelo de participação horizontal é ratificado pelas formas de racionalidade que se impõem a partir do século XVII e que têm como paradigma a racionalidade matemática”.
22. Assim sendo, “a modernidade pós-cristã refaz, profunda e radicalmente, a idéia de Deus na cultura contemporânea. Desse modo, a religião deixa de ser sujeito inspirador de um saber situado e reconhecido no espaço acadêmico – a teologia – para tornar-se objeto dos saberes que pretendem compreendê-la segundo as regras de inteligibilidade estabelecidas pelo paradigma cartesiano: filosofia da religião, sociologia da religião, ciências da religião, antropologia cultural, psicologia etc. A teologia é excluída dos sistemas dos saberes objetivos, aos quais a razão instrumental reconhece legitimidade racional universalmente aceita. O fato religioso na sua conceitualização como experiência de um sentido que unifica os vários sentidos da vida humana é objetivado e descrito simplesmente como fenômeno empírico observável”.
23. Enfim, “uma revolução profunda e silenciosa nas camadas elementares do psiquismo e nos fundamentos das estruturas mentais do indivíduo está em curso. Ela vem transformando num nível de radicalidade até hoje aparentemente desconhecido na história humana, as intenções, atitudes e padrões de conduta que tornaram possível historicamente nosso “ser-em-comum” e, portanto, as razões que asseguram a viabilidade das sociedades humanas e o próprio predicado da socialidade tal como tem sido vivida nesses pelo menos cinco milênios de história. Ela lança o ser humano na direção de horizontes até agora desconhecidos de pensar, agir e produzir”.
24. As paredes do teatro Odéon, em Paris, ostentavam esta frase programática em maio de 1968: Arrisca teus passos por caminhos pelos quais ninguém passou; arrisca tua cabeça pensando o que ninguém pensou. Estimulado por essa idéia, surge o Instituto Humanitas Unisinos do qual a atual crise cultural pede o mesmo tipo de audácia. O traço semântico Humanitas designa a busca audaz de caminhos novos nos tempos de hoje. Ele aponta para a abertura a novas questões e para a busca de respostas aos grandes desafios da nossa época, tendo presente a missão da Companhia de Jesus.
(...)

Este site convém ser visitado. Contém reflexões e visões atuais do que está acontecendo no mundo, para quem não quer viver sob o domínio da ingenuidade diante do dia a dia.
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