Bispos e teólogos vindos de todas as partes da terra, estiveram reunidos para repensar a presença da Igreja no mundo, resultou numa grande transformação católica, deixando valores que incomodam, até hoje, os católicos tradicionalistas e saudosistas de um tempo de cristandade incapaz de evangelizar e dialogar com o mundo atual e seus desafios.
Lembrando: para a surpresa de todos, no dia 25 de janeiro de 1959, o papa João XXIII convocou um concílio.
Lembrando: para a surpresa de todos, no dia 25 de janeiro de 1959, o papa João XXIII convocou um concílio.
O anterior havia sido realizado em 1870. O concílio Vaticano I, trouxe impressa a marca de Pio IX, o papa do Syllabus [serie de condenações] e do dogma da infalibilidade pontifícia. Esse tempo deixou a amarga lembrança de um catolicismo distante e na defensiva, de uma igreja desdenhosa do mundo.
O anúncio de um novo concílio, qualificado de ecumênico e dedicado à conciliação da Igreja com “todos os homens de boa vontade”, suscitou uma grande esperança.
O concílio Vaticano II teve início no outono de 1962, encerrando-se em dezembro de 1965, já com o papa Paulo VI, que sucedeu João XXIII, consumido por um câncer no estômago, em junho de 1963. O “bom papa João” teve somente tempo de dar o tom da partitura que se executava em Roma. Cerca de 2.500 bispos presentes, vindos dos quatro cantos do mundo, votaram em Roma toda uma bateria de decisões que renovavam profundamente o perfil da Igreja e a prática dos fiéis. Eles proclamaram o direito da pessoa humana à liberdade religiosa. Em um texto surpreendente, reconheceram os valores contidos em outras religiões e chamaram seus fiéis ao diálogo com elas; de forma especial, com o judaísmo, que tanto sofreu com o anti-semitismo cristão. Os bispos não mais definiam a Igreja como uma estrutura hierárquica, mas como Povo de Deus, pessoas com igual dignidade.
Os bispos, os clérigos e os leigos são convidados a se engajar mais na vida e na missão da Igreja, a ver os “sinais dos tempos” e entrar em diálogo e presença responsável no mundo. A colegialidade e as conferencias dos bispos foram incentivadas, dando uma impressão de certa descentralização na Igreja.
Para entender o que foi esse Concilio busque em:
http://www.missiologia.org.br/cms/UserFiles/cms_artigos_pdf_39.pdf
O anúncio de um novo concílio, qualificado de ecumênico e dedicado à conciliação da Igreja com “todos os homens de boa vontade”, suscitou uma grande esperança.
O concílio Vaticano II teve início no outono de 1962, encerrando-se em dezembro de 1965, já com o papa Paulo VI, que sucedeu João XXIII, consumido por um câncer no estômago, em junho de 1963. O “bom papa João” teve somente tempo de dar o tom da partitura que se executava em Roma. Cerca de 2.500 bispos presentes, vindos dos quatro cantos do mundo, votaram em Roma toda uma bateria de decisões que renovavam profundamente o perfil da Igreja e a prática dos fiéis. Eles proclamaram o direito da pessoa humana à liberdade religiosa. Em um texto surpreendente, reconheceram os valores contidos em outras religiões e chamaram seus fiéis ao diálogo com elas; de forma especial, com o judaísmo, que tanto sofreu com o anti-semitismo cristão. Os bispos não mais definiam a Igreja como uma estrutura hierárquica, mas como Povo de Deus, pessoas com igual dignidade.
Os bispos, os clérigos e os leigos são convidados a se engajar mais na vida e na missão da Igreja, a ver os “sinais dos tempos” e entrar em diálogo e presença responsável no mundo. A colegialidade e as conferencias dos bispos foram incentivadas, dando uma impressão de certa descentralização na Igreja.
Para entender o que foi esse Concilio busque em:
http://www.missiologia.org.br/cms/UserFiles/cms_artigos_pdf_39.pdf
http://www.universocatolico.com.br/index.php?/Concilio-Vaticano-II/
Um dos frutos bons do Vaticano II foi a conferência de Medellin, que transformaria a forma de ser igreja na America Latina e no mundo.
Um dos frutos bons do Vaticano II foi a conferência de Medellin, que transformaria a forma de ser igreja na America Latina e no mundo.
Foi só com o Vaticano II que se deram as condições de emergência de uma Igreja continental em sua originalidade e em sua diferença em relação ao modelo da igreja européia. Precisamente, Medellín pode ser visto como a recepção criativa do Vaticano II na América Latina. O título do documento dessa Conferência soa: "A Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio". Como se intui, à diferença dos outros Concílios que influíram no Continente (Trento e Vaticano I), a proposta do Vaticano II funcionou aí como inspiração e não mais como padrão a ser simplesmente copiado:
Durante os três anos de duração do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, os padres conciliares latino-americanos mantiveram várias reuniões da Conferência Episcopal Latino Americana, em Roma.
Durante os três anos de duração do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, os padres conciliares latino-americanos mantiveram várias reuniões da Conferência Episcopal Latino Americana, em Roma.
Ali brotou a idéia de propor ao Santo Padre a realização da segunda Conferência Geral. Em 1966 a presidência do CELAM apresentou a Paulo VI a proposta da nova Conferência. O pontífice a acolheu com satisfação e a convocou para se realizar em Medellín, de 26 de agosto a 6 de setembro de 1968. A Conferência foi convocada pelo Papa Paulo VI para aplicar os ensinamentos do Concílio Vaticano II às necessidades da Igreja presente na América Latina. A temática proposta foi “A Igreja na presente transformação da América Latina à luz do Concílio Vaticano II”. A abertura da Conferência foi feita pelo próprio Papa que marcou a primeira visita de um pontífice à América Latina.
Três foram os grandes temas de Medellín: Promoção humana; Evangelização e crescimento na fé; Igreja visível e suas estruturas. Foram produzidos 16 documentos, no horizonte dos três grandes temas citados: I) Justiça, Paz, Família, Demografia, Educação, Juventude. II) Pastoral popular, Pastoral de elites, Catequese, Liturgia. III) Movimentos de Leigos, Sacerdotes, Religiosos, Formação do Clero, Pobreza da Igreja, Pastoral de Conjunto, Meios de Comunicação.
Ganharam grande repercussão os documentos sobre a Justiça, a Paz e a Pobreza da Igreja. Diante da relevância e impacto desses documentos, elementos característicos de Medellín foram as reflexões sobre pobreza e libertação:
Três foram os grandes temas de Medellín: Promoção humana; Evangelização e crescimento na fé; Igreja visível e suas estruturas. Foram produzidos 16 documentos, no horizonte dos três grandes temas citados: I) Justiça, Paz, Família, Demografia, Educação, Juventude. II) Pastoral popular, Pastoral de elites, Catequese, Liturgia. III) Movimentos de Leigos, Sacerdotes, Religiosos, Formação do Clero, Pobreza da Igreja, Pastoral de Conjunto, Meios de Comunicação.
Ganharam grande repercussão os documentos sobre a Justiça, a Paz e a Pobreza da Igreja. Diante da relevância e impacto desses documentos, elementos característicos de Medellín foram as reflexões sobre pobreza e libertação:
“O Episcopado Latino-Americano não pode ficar indiferente ante as tremendas injustiças sociais existentes na América Latina, que mantêm a maioria de nossos povos numa dolorosa pobreza, que em muitos casos chega a ser miséria humana(…) para nossa verdadeira libertação, todos os homens necessitam de profunda conversão para que chegue a nós o “Reino de justiça, de amor e de paz”. A origem de todo desprezo ao homem, de toda injustiça, deve ser procurada no desequilíbrio interior da liberdade humana, que necessita sempre, na história, de um permanente esforço de retificação. A originalidade da mensagem cristã não consiste tanto na afirmação da necessidade de uma mudança de estruturas, quanto na insistência que devemos pôr na conversão do homem. Não teremos um continente novo sem novas e renovadas estruturas, mas sobretudo não haverá continente novo sem homens novos, que à luz do Evangelho saibam ser verdadeiramente livres e responsáveis.”
Sobre a concepção cristã da paz, os bispos apontam três características: a paz, primeiramente, é obra da justiça, pois “supõe e exige a instauração de uma ordem justa na qual todos os homens possam realizar-se como homens, onde sua dignidade seja respeitada, suas legítimas aspirações satisfeitas, seu acesso à verdade reconhecido e sua liberdade pessoal garantida”.
Em segundo lugar, a paz é uma tarefa permanente, pois “a paz não se acha, há que construí-la”, e o “cristão é um artesão da paz”. Em terceiro lugar, a paz é fruto do amor, ou seja, “expressão de uma real fraternidade entre os homens”, fraternidade essa “trazida por Cristo, príncipe da paz, ao reconciliar todos os homens com o Pai”.
Em segundo lugar, a paz é uma tarefa permanente, pois “a paz não se acha, há que construí-la”, e o “cristão é um artesão da paz”. Em terceiro lugar, a paz é fruto do amor, ou seja, “expressão de uma real fraternidade entre os homens”, fraternidade essa “trazida por Cristo, príncipe da paz, ao reconciliar todos os homens com o Pai”.
Diante do quadro de injustiça e pobreza, os bispos afirmam que a missão pastoral da Igreja “é essencialmente serviço de inspiração e de educação das consciências dos fiéis, para ajudá-los a perceberem as exigências e responsabilidades de sua fé, em sua vida pessoal e social”.
Já na Introdução das Conclusões de Medellín os bispos afirmam que “a Igreja latino-americana, reunida na II Conferência Geral de seu Episcopado, situou no centro de sua atenção o homem deste continente, que vive em um momento decisivo de seu processo histórico”.
“Nessa transformação, por trás da qual se anuncia o desejo de passar do conjunto de condições menos humanas para a totalidade de condições plenamente humanas e de integrar toda a escala de valores temporais na visão global da fé cristã, tomamos consciência da vocação original” da América Latina: “a vocação de unir em uma síntese nova e genial o antigo e o moderno, o espiritual e o temporal, o que outros nos legaram e nossa própria originalidade.”
Para entender a grandeza histórica da Conferência de Medellin:
http://www.sedos.org/spanish/boff.html
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